Palácios, vinhas e um resort de esqui: emails revelam rede de propriedades que poderá estar ligada a Putin

21 jun 2022, 11:16
Vladimir Putin (AP Images)

Emails aparentam mostrar ligação do presidente russo a uma cooperativa informal de oligarcas. Valor total dos bens supera os 4 mil milhões de euros

Há décadas que as potências ocidentais e dissidentes acusam o presidente russo de acumular uma vasta fortuna de forma indireta e, agora, surgiram mais provas que dão razão a estes argumentos.

Um exclusivo do portal de notícias russo Meduza e do Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP) revelou uma rede informal de bens alegadamente utilizados por Vladimir Putin. As propriedades, detidas por oligarcas e amigos do líder russo, estão ligadas a um só domínio eletrónico, “LLCInvest.ru”.

Os emails vistos pelas publicações, datados de setembro passado, revelam conversas entre diretores e administradores de mais de 80 empresas e ONG que administram estes bens, todos utilizando este domínio. O jornal britânico The Guardian refere que estes empresários “discutem problemas de negócios do dia-a-dia como se fizessem parte da mesma organização”.

Entre as propriedades, avaliadas em 4,2 mil milhões de euros, está um palácio em Gelendzhik, no Mar Negro, detido pelo oligarca Arkady Rotenberg, sancionado pela União Europeia e pelos EUA, e cujo valor atinge os 945 milhões de euros. Na lista de bens estão também as vinhas em torno do palácio e um resort de esqui de Igora, entre São Petersburgo e a fronteira com a Finlândia.

O domínio “LLCInvest.ru” não é aberto ao público, estando alojado num servidor da empresa de telecomunicações Moskomsvyaz, ligada ao Bank Rossiya, descrito pelo Tesouro dos EUA como “o banco pessoal dos altos responsáveis da Federação Russa”.

A operadora e quase todos os utilizadores deste domínio, à exceção de um diretor de múltiplas empresas, não responderam aos contactos.

"Sou um empregado humilde e meto-me na minha vida. Eu só assino papéis. Sabe como, por vezes, os sem-abrigo são registados como diretores de uma empresa. Não sou um sem-abrigo, mas assino os papéis como eles, sem entrar nos pormenores. Se a minha empresa fizesse parte de uma grande holding, eu não saberia", afirmou este diretor, sob anonimato.

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