Os passaportes mais poderosos do mundo (o português é um deles)

CNN , Maureen O'Hare
21 jan 2022, 09:00
A Henley & Partners, uma sociedade de consultoria sobre cidadania global e residência, publicou o seu relatório trimestral sobre os passaportes mais desejáveis do mundo. Foto: Justin Sullivan/Getty Images North America/Getty Images

O aumento das interdições de viagem introduzido no decorrer da pandemia de covid resultou no maior fosso global de mobilidade dos 16 anos de história deste índice

Há um fosso crescente entre o norte global e o sul global no que diz respeito à liberdade de deslocação, diz o primeiro relatório de 2022 da Henley & Partners, uma sociedade de consultoria sobre cidadania global e residência, sediada em Londres.

O Henley Passport Index da sociedade, baseado em dados exclusivos fornecidos pela Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA), tem monitorizado regularmente os passaportes globais mais amigos dos viajantes desde 2006.
O relatório diz que o aumento das interdições de viagem introduzido no decorrer da pandemia de covid resultou no maior fosso global de mobilidade dos 16 anos de história do índice.

O índice não leva em conta as restrições temporárias. Por isso, pondo de lado o acesso atual a viagens, os detentores de passaportes do topo do índice, Japão e Singapura, podem, em teoria, viajar sem visto para 192 destinos.

São 166 destinos a mais que os cidadãos do Afeganistão, que estão no fundo do índice com 199 passaportes, e que podem aceder a apenas 26 países sem necessidade de solicitar um visto prévio.

Europa domina

Mais abaixo no Top 10, as posições mantêm-se praticamente inalteradas à entrada no primeiro trimestre de 2022. A Coreia do Sul está empatada com a Alemanha no segundo lugar (com 190 pontos) e Finlândia, Itália, Luxemburgo e Espanha estão juntos no terceiro lugar (com 189 pontos).

Os países da UE dominam o topo da lista como é hábito, com França, Países Baixos e Suécia a subir um lugar para se juntarem à Áustria e à Dinamarca em quarto lugar (com 188 pontos). Irlanda e Portugal estão em quinto lugar (com 187 pontos).

Os Estados Unidos e o Reino Unido, que juntos tiveram o lugar cimeiro em 2014, recuperaram algum terreno. Subiram um lugar para N.º 6, juntamente com quatro outras nações com história de isolamento ou neutralidade: Suíça, Noruega, Bélgica e Nova Zelândia.

No N.º 7 temos Austrália, Canadá, República Checa, Grécia e Malta. Os países da Europa de Leste constituem o restante Top 10. A Hungria e a Polónia ascenderam ao oitavo lugar, a Lituânia e a Eslováquia subiram para N.º 9, e Estónia, Letónia e Eslovénia estão na décima posição.

A Alemanha tem o passaporte europeu mais bem classificado. Foto: Alex Grimm/Getty Images

Migração interna positiva

O mais recente relatório faz notar que o surgimento da variante Ómicron em finais do ano passado aponta o foco a uma divisão crescente na mobilidade internacional entre os países mais ricos e os mais pobres. O relatório aponta para as restrições mais rígidas apresentadas sobretudo contra as nações africanas que o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, descreveu como algo semelhante a um “apartheid de viagens”.

Pondo de parte a pandemia, os níveis globais de liberdade de deslocação aumentaram imensamente nas duas últimas décadas. O Henley Passport Index concluiu em 2006 que um indivíduo podia, em média, visitar 57 países sem ter de obter um visto prévio. Hoje, esse número é de 107, quase o dobro.

No entanto, são maioritariamente os países da Europa, América do Norte e as nações asiáticas mais ricas que desfrutam desta liberdade para viajar. Os detentores de passaportes de países como Angola, Camarões e Laos só podem entrar em cerca de 50 países.

Christian H. Kaelin, presidente da Henley & Partners e criador do conceito do índice de passaportes, diz que abrir os canais migratórios será crucial para a recuperação pós-pandemia. “Os passaportes e vistos são alguns dos instrumentos com mais impacto na desigualdade social a nível mundial, pois determinam as oportunidades para a mobilidade global”, diz ele. “As fronteiras entre as quais nascemos e os documentos que temos direito a ter não são algo menos arbitrário do que a cor da nossa pele. As nações mais abastadas têm de incentivar a migração interna positiva num esforço para ajudar a redistribuir e reequilibrar os recursos humanos e materiais a nível mundial.”

Os melhores passaportes para ter em 2022 são:

  1. Japão, Singapura (192 destinos)
  2. Alemanha, Coreia do Sul (190)
  3. Finlândia, Itália, Luxemburgo, Espanha (189)
  4. Áustria, Dinamarca, França, Países Baixos, Suécia (188)
  5. Irlanda, Portugal (187)
  6. Bélgica, Nova Zelândia, Noruega, Suíça, Reino Unido, Estados Unidos (186)
  7. Austrália, Canadá, República Checa, Grécia, Malta (185)
  8. Polónia, Hungria (183)
  9. Lituânia, Eslováquia (182)
  10. Estónia, Letónia, Eslovénia (181)

Os piores passaportes para ter

Vários países no mundo têm acesso à isenção de visto ou ao visto à chegada a menos de 40 países. Estão incluídos:

  1. Coreia do Norte (39 destinos)
  2. Nepal e território da Palestina (37)
  3. Somália (34)
  4. Iémen (33)
  5. Paquistão (31)
  6. Síria (29)
  7. Iraque (28)
  8. Afeganistão (26)

Outros índices

A lista da Henley & Partners é um de vários índices criados por sociedades financeiras para classificar os passaportes globais de acordo com o acesso que permitem aos seus cidadãos.

O Henley Passport Index classifica 199 passaportes segundo o número de destinos que os seus detentores podem aceder sem um visto prévio. É atualizado em tempo real ao longo do ano, quando entram em vigor mudanças nas políticas de vistos.

O Passport Index da Arton Capital leva em consideração os passaportes de 193 países membros das Nações Unidas e de seis territórios: ROC Taiwan, Macau (SAR China), Hong Kong (SAR China), Kosovo, Território Palestino e o Vaticano. Os territórios anexados a outros países estão excluídos.

O índice de 2022 tem os Emirados Árabes Unidos no lugar cimeiro, com uma pontuação de 160 quanto à isenção de visto/visto à chegada.

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