Bruxelas melhora previsões de crescimento português para 5,5% este ano

Agência Lusa , PF
10 fev 2022, 10:04

De acordo com os dados, Portugal irá ter a terceira maior taxa de crescimento entre os países da zona euro, apenas superado por Malta e Espanha

A Comissão Europeia está ligeiramente mais otimista sobre o crescimento da economia portuguesa, melhorando em 0,2 pontos percentuais as projeções de crescimento para 5,5% este ano e para 2,6% em 2022, segundo as previsões macroeconómicas de inverno divulgadas esta quinta-feira.

De acordo com as projeções conhecidas hoje, Bruxelas vê o Produto Interno Bruto (PIB) a crescer 5,5% este ano e 2,6% no próximo ano, quando no outono antecipava uma expansão de 5,3% este ano e de 2,4% em 2023.

A previsão de Bruxelas para este ano alinha com a estimativa do Governo, que prevê uma expansão do PIB de 5,5% ou mais, e coloca o crescimento acima dos 4% previstos para a zona euro e para a União Europeia.

Bruxelas explica que o ressurgimento das infeções por covid-19 no início do ano, assim como uma nova quebra no mercado internacional de viagens, deverá desacelerar o crescimento económico em Portugal para 0,5% no primeiro trimestre.

No entanto, assinala que, “assumindo uma melhoria nas condições da pandemia, o crescimento deverá acelerar no segundo trimestre quando a economia atingir o nível pré-pandemia”.

Deste modo, no acumulado do ano, “a procura interna deve contribuir substancialmente para o crescimento em ambos os anos ajudados pela implementação do Plano de Recuperação e Resiliência”.

O executivo comunitário projeta que o setor externo tenha uma contribuição líquida positiva para o crescimento este ano, “refletindo a recuperação do turismo, seguida de um impacto amplamente neutro em 2023”.

Contudo, indica que o balanço dos riscos “permanece um pouco para o lado negativo, uma vez que o turismo estrangeiro poderia sofrer um revés caso a pandemia causasse mais perturbações ao longo do horizonte de previsão”.

Reforço das "perspetivas positivas"

O ministro das Finanças, João Leão, destaca que as previsões da Comissão Europeia "reforçam as perspetivas positivas para a recuperação da economia portuguesa" este ano.

"Os dados hoje divulgados pela Comissão Europeia reforçam as perspetivas positivas para a recuperação da economia portuguesa em 2022", disse João Leão, num comentário enviado à Lusa.

O ministro de Estado e das Finanças salienta que, "apesar da pandemia ainda não estar completamente ultrapassada, a Comissão revê em alta o crescimento do país para este ano, em linha com as últimas estimativas oficiais do Governo, reforçando a credibilidade que Portugal alcançou junto das instituições internacionais".

João Leão sublinha que "esta revisão ocorre num contexto de desemprego em mínimos dos últimos 19 anos (5,9% em dezembro de 2021) e com o emprego 1,5% acima do nível pré-pandemia".

"Estas são boas notícias para Portugal e para os portugueses, que podem confiar numa recuperação plena nos próximos anos, alicerçada numa implementação célere e eficaz do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]", frisou o ministro.

João Leão assinala que a Comissão Europeia reviu em alta a previsão de crescimento para a economia portuguesa em 2022, "ao contrário do que sucedeu para a área do euro e a União Europeia", e que a previsão para Portugal é "uma das taxas mais elevadas da UE (o terceiro maior da UE) e 1,5 p.p. acima da média europeia".

"No conjunto de 2022 e 2023, a Comissão estima que Portugal cresça 8,2%, mais de um ponto acima tanto da área do euro como da União Europeia", frisa.

Exportações de serviços aumentaram substancialmente na segunda metade de 2021

A Comissão Europeia incorpora ainda os mais recentes dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), que indicam que a economia cresceu 4,9% no ano passado, uma vez que nas previsões de outono via o PIB a recuperar 4,5%.

“A recuperação económica continuou no último trimestre de 2021 com um crescimento do PIB de 1,6% (em cadeia), mas a um ritmo mais lento do que no terceiro trimestre, já que o impulso da procura reprimida foi diminuindo gradualmente”, refere.

Os técnicos da Comissão assinalam ainda que o crescimento na totalidade do ano passado se traduz por uma recuperação em pouco mais de metade do nível de produção perdida em 2020, quando o PIB caiu em 8,4% devido à pandemia.

“Entre os componentes da procura, o investimento e as exportações de bens recuperaram para níveis acima da pré-pandemia em 2021. O consumo privado recuperou a um ritmo ligeiramente mais lento, uma vez que os serviços de contacto intensivos enfrentaram restrições contínuas durante a maior parte do ano”, explica.

Destaca ainda que as exportações de serviços aumentaram substancialmente na segunda metade do ano, mas continuaram bem abaixo do nível pré-pandemia, “uma vez que o grande setor do turismo estrangeiro do país ainda era condicionado pelas condições internacionais de viagens”.

Portugal poderá registar terceira maior taxa de crescimento da Zona Euro

Portugal é, a par da Irlanda, o país com a terceira maior taxa de crescimento este ano entre os pares da zona euro. De acordo com as previsões intercalares, o Produto Interno Bruto (PIB) português irá crescer o mesmo que o irlandês, apenas ultrapassados pela previsão de expansão de 6% para Malta e de 5,6% para Espanha.

Considerando os 27 Estados-membros da União Europeia (UE), a taxa prevista para Portugal é também igualada pela da Polónia.

Por outro lado, a Bélgica (2,7%), a Finlândia e os Países Baixos (ambos com 3%) são os países com o menor crescimento projetado para este ano.

A Comissão Europeia reviu em ligeira baixa o crescimento da economia europeia para este ano, para 4% PIB, tanto na zona euro como na UE, devido ao abrandamento no inverno provocado pela variante Ómicron.

Depois de, há três meses, nas previsões de outono, ter antecipado um crescimento do PIB de 4,3% este ano quer no espaço da moeda única, quer no conjunto do bloco, o executivo comunitário estima agora, nas previsões intercalares de inverno hoje publicadas, um crescimento de 4% em ambos os casos, projetando que em 2023 o ritmo desacelere para 2,7% na zona euro e 2,8% na UE.

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