Embaixador russo diz que "as sanções não resolverão nada em relação à Rússia"

CNN Portugal , FSC/AM
23 fev 2022, 06:56

Anatoly Antonov considera que as sanções só vão prejudicar cidadãos comuns, incluindo os americanos

O embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, recorreu ao Facebook para desvalorizar o impacto das sanções ocidentais sobre a Rússia. As sanções anunciadas ontem pelo presidente dos EUA, Joe Biden, irão apenas prejudicar os mercados financeiros e energéticos mundiais, bem como os cidadãos comuns.

“As sanções não resolverão nada em relação à Rússia. É difícil imaginar que alguém em Washington acredite que a Rússia reveja a sua política externa sob a ameaça de restrições. Não me lembro de um único dia em que o nosso país tenha vivido sem quaisquer restrições por parte do mundo ocidental. Aprendemos a trabalhar em tais condições. E não só sobrevivemos, como também desenvolvemos o nosso Estado. Não há dúvida de que as sanções impostas contra nós irão prejudicar os mercados financeiros e energéticos mundiais. Os Estados Unidos não ficarão de fora, onde os cidadãos comuns sentirão todas as consequências do aumento dos preços".

Antonov lamenta ainda que a história não ensine "toda a gente" e apontou o dedo aos EUA pelo aumento da tensão na fronteira da Ucrânia e da Rússia, dizendo que "ao longo de sete anos, os americanos não fizeram nada para convencer a liderança ucraniana da necessidade de implementar os Acordos de Minsk".

"Em vez disso, Washington encorajou o ‘regime’ de Kiev por nada, a não ser pela inação. Fechou os olhos à perseguição criminosa da população falante de russo no país. Aos ombros dos EUA, Kiev acredita na possibilidade de resolver o conflito infra-ucraniano pela força. Nós não podíamos permitir mais mortes entre civis de Donbass, que recentemente se viram sob ameaça de destruição. Além disso, muitos deles têm passaportes russos. Era muito fácil resolver o problema, ou pelo menos aproximar-se da solução. Bastava que a Casa Branca forçasse Kiev a sentar-se à mesa da negociação com os seus compatriotas de Donetsk e Lugansk. O ganho para todas as partes no conflito é obvio. Porém, decidiram por um caminho diferente: fornecer armas ao regime de Kiev e empurrá-lo para uma guerra", acrescenta Antonov.

"Material letal" enviado para a Ucrânia

A ministra da Defesa do Canadá, Anita Anand, publicou na sua conta na rede social Twitter imagens de um carregamento de material militar enviado esta terça-feira para a Ucrânia. Trata-se, segundo a governante, do segundo avião cheio de "ajuda militar letal" para que a Ucrânia se defenda da investida russa. 

“Hoje, as nossas Forças Armadas canadianas fizeram uma segunda entrega de ajuda militar letal para apoiar os nossos parceiros ucranianos. A continuação da invasão russa de um Estado soberano é absolutamente inaceitável, e continuaremos a apoiar a Ucrânia enquanto o país defende a sua soberania e independência".

FBI alerta para potenciais ciberataques ligados à Rússia

As sanções dos Estados Unidos, União Europeia e outros países contra a Rússia podem ter como consequência um aumento de ciberataques com apoio russo contra empresas e entidades desses países. O aviso foi feito por um alto funcionário do FBI, citado pela CNN Internacional. David Ring, o responsável do FBI em questão, pediu às empresas e aos diversos governos que estejam atentos ao potencial de ataques ransomware (sequestro de dados com pedido de resgate) lançados por piratas informáticos com ligações às autoridades russas.

A Rússia é um "ambiente operacional permissivo" para cibercriminosos, um ambiente que "não vai ficar mais pequeno" à medida que o confronto da Rússia com o Ocidente sobre a Ucrânia continua e são anunciadas mais sanções, disse o responsável do FBI num briefing telefónico com executivos privados e funcionários governamentais, de acordo com fontes citadas pela CNN Internacional.

Há vários anos que os ciberataques de piratas informáticos apoiados por Moscovo é uma das grandes preocupações de segurança nacional dos EUA. As ações criminosas tanto se têm dirigido contra empresas privadas e organismos governamentais, como infraestruturas, nomeadamente na área da energia.

Taiwan eleva estado de alerta

As forças armadas e de segurança de Taiwan vão aumentar a sua vigilância e níveis de alerta em relação a atividades militares na região. Segundo a Reuters, o anúncio foi feito pela presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, durante uma reunião para analisar a crise na Ucrânia. O precedente estabelecido por Vladimir Putin, com a ação militar que desencadeou contra o país vizinho, faz com que muitos em Taiwan - e em países aliados, como os EUA, ou o Japão - temam uma atitude semelhante por parte da China, que reclama soberania sobre a ilha que tem autogoverno desde 1949. 

Segundo informações do gabinete de Tsai Ing-wen, a presidente de Taiwan notou que o seu país e a Ucrânia são muito diferentes em termos de geoestratégica, ambiente geográfico e importância nas cadeias de abastecimento internacionais, mas Taipei tem de estar preparado para enfrentar uma possível "guerra cognitiva" e de desinformação por parte de forças estrangeiras - uma referência às ameaças chinesas sobre o território. 

"Face às forças estrangeiras que pretendem manipular a situação na Ucrânia e afetar o moral da sociedade taiwanesa, todas as unidades governamentais devem reforçar a prevenção da guerra cognitiva lançada pelas forças estrangeiras e colaboradores locais", alertou. Por isso, ordenou a todas as unidades de segurança e militares "que aumentem “a vigilância e alerta precoce sobre desenvolvimentos militares em torno do Estreito de Taiwan".

Austrália diz que invasão russa já começou

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou esta quarta-feira um conjunto de sanções contra a Rússia, que entram em vigor de imediato, como retaliação contra a ação militar de Moscovo contra a Ucrânia. 

“A invasão da Ucrânia já começou efetivamente. Os australianos resistem sempre aos bullies e nós resistiremos à Rússia", declarou o chefe do governo australiano, em declarações à comunicação social em Sydney. 

Foram anunciadas sanções económicas e proibições de viagem contra oito membros do Conselho de Segurança da Federação Russa. Em simultâneo, Morrison prometeu que serão alargadas as sanções já existentes por causa da agressão russa à Ucrânia no passado. Também foram anunciadas sanções contra bancos russos. Entretanto, a Austrália vai analisar ainda mais sanções, contra mais indivíduos específicos, numa reunião do Comité de Segurança Nacional que decorre hoje.

Japão anuncia sanções

O Japão seguiu esta quarta-feira os aliados ocidentais na imposição de sanções à Rússia pelas suas ações na Ucrânia. As medidas anunciadas pelo primeiro-ministro nipónico, Fumio Kishida, incluem a proibição da emissão de obrigações russas no Japão e o congelamento dos bens de certos indivíduos russos. O Japão vai suspender a emissão de vistos e congelará os bens das pessoas envolvidas no reconhecimento da independência de Donetsk e Luhansk. Serão ainda proibidas as importações e exportações de e para as duas regiões separatistas. Os pormenores das sanções ainda serão discutidos mais aprofundadamente, mas as medidas estão alinhadas com o primeiro pacote de sanções anunciado pelos Estados Unidos e pela União Europeia, mas também o Reino Unido e o Canadá.

Kishida exortou a Rússia a regressar às negociações diplomáticas, e desvalorizou o impacto deste braço de ferro no abastecimento de energia ao Japão. O país é um grande importador de combustíveis, mas o chefe do governo nipónico considerou que a atual situação de conflito não terá impacto significativo no fornecimento de energia ao Japão. Se o quadro na Ucrânia se agravar, Kishida garante que serão consideradas outras sanções.

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