Papa desiste de viajar para Kiev. "De que serviria se a guerra continuar no dia seguinte?"

Agência Lusa , BC
22 abr 2022, 10:50
Papa Francisco faz discurso sobre a Ucrânia (AP Photo/Gregorio Borgia)

Papa Francisco, em entrevista a jornal argentino, diz que não irá à capital ucraniana para não colocar em risco o fim da guerra

O Papa desistiu de viajar para Kiev para, diz, não colocar em risco o fim da guerra. Também não se vai encontrar com o patriarca ortodoxo russo Cirilo, apesar do seu bom relacionamento, noticiou hoje o jornal La Nación.

Numa entrevista ao diário argentino, Francisco explicou que não pode "fazer algo que coloque em risco objetivos mais elevados, que são o fim da guerra, uma trégua ou mesmo um corredor humanitário". "De que serviria o Papa ir a Kiev se a guerra continuar no dia seguinte?", questionou o próprio.

Francisco expressa diariamente a sua profunda preocupação com a guerra desencadeada pela invasão russa da Ucrânia e para a qual já propôs uma mediação do Vaticano. Nas suas mensagens, o Papa nunca menciona o nome do Presidente russo, Vladimir Putin, nem se refere à Rússia por motivos diplomáticos.

"Um Papa nunca nomeia um chefe de Estado, muito menos um país, que é superior ao seu chefe de Estado", explicou.

Cancelado encontro do Papa com patriarca ortodoxo russo

Por outro lado, o Vaticano esteve a trabalhar na preparação de um segundo encontro entre o Papa Francisco e o patriarca ortodoxo Cirilo, que apoiou a invasão russa na Ucrânia.

Francisco encontrou-se com o patriarca ortodoxo russo em 2016, em Havana, sendo esta a primeira vez que os chefes das duas igrejas se reuniram depois do Grande Cisma de 1054.

O Papa argentino sublinhou que o seu relacionamento com Cirilo é "muito bom" e lamentou que "o Vaticano tenha tido de suspender um segundo encontro" com o patriarca, que deveria ocorrer em junho, em Jerusalém, considerada um território neutro como Havana.

"A nossa diplomacia entendeu que um encontro dos dois neste momento poderia causar muita confusão. Sempre promovi o diálogo inter-religioso. Quando era arcebispo de Buenos Aires, reuni cristãos, judeus e muçulmanos num diálogo frutífero, iniciativas das quais mais me orgulho. É a mesma política que promovo no Vaticano", declarou Francisco.

De qualquer forma, o Papa insistiu que está "disposto a fazer qualquer coisa" para parar a guerra, porque considera que este tipo de conflitos são "anacrónicos neste mundo e nesta fase da civilização".

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