Rússia está a retirar? Não, dizem os EUA: está a reforçar posições

17 fev 2022, 04:31

Washington e Londres garantem que Putin está a fazer o contrário do que prometeu. Não só a Rússia não está a retirar forças da fronteira com a Ucrânia, como as estará a reforçar. Podem já ser 170 mil militares, prontos para uma invasão

 

Moscovo garantiu esta quarta-feira que começou a retirar tropas da fronteira com a Ucrânia, mas os Estados Unidos asseguram que não só isso não está a acontecer, como se está a verificar o contrário: de acordo com Washington, as forças russas concentradas ao longo das fronteiras da Ucrânia cresceram em cerca de sete mil soldados nos últimos dias. Um alto responsável da administração Biden, citado pelos principais meios de comunicação social dos EUA, assegurou na noite desta quarta-feira que a alegada retirada russa é "falsa" e que a abertura à diplomacia proclamada por Vladimir Putin não passa de um embuste. A prova: havia ontem mais sete mil tropas nas fronteiras com a Ucrânia. Uma informação entretanto validada também por fontes do governo britânico.

"Todas as indicações que temos agora é que eles, ao mesmo tempo que pretendem disponibilizar-se publicamente para conversar e fazem declarações sobre desescalada, se estão a mobilizar para a guerra”, afirmou a mesma fonte de topo da administração americana.

Segundo informações dos serviços secretos, o reforço de tropas russas continuou mesmo na quarta-feira, ao mesmo tempo que Putin declarava a abertura para negociar e era anunciada a retirada de algumas forças. 

O aviso de Washington serve para manter os aliados em alerta, num momento em que as nuvens de guerra pareciam começar a dissipar, e até os mercados já davam sinais de otimismo, recuperando das perdas desta segunda e terça-feira. Por muito impacto que tenha tido o anúncio de retirada de algumas tropas russas, essas declarações “são falsas”, assegurou o alto funcionário do governo norte-americano que falou sob anonimato com diversos órgãos de comunicação social do país.

 

Mais forças, talvez até 170 mil soldados

 

A informação recolhida pelos serviços de inteligência do Reino Unido vai no mesmo sentido. "Ao contrário das suas alegações, a Rússia continua a aumentar a sua capacidade militar perto da Ucrânia", disse em comunicado o tenente-general Jim Hockenhull, chefe dos serviços britânicos de inteligência militar. “A Rússia tem a força militar pronta para conduzir uma invasão da Ucrânia”, reiterou. Segundo as autoridades militares britânicas, na quarta-feira foram detetadas movimentações de veículos blindados russos, helicópteros e um hospital de campanha dirigindo-se para a fronteira da Ucrânia.

Também a Estónia divulgou informações que apontam no mesmo sentido. Mikk Marran, chefe dos serviços secretos da Estónia, disse ontem que as forças russas na fronteira parecem ser maiores do que apontavam as estimativas públicas anteriores. Antes de Joe Biden avançar com uma estimativa de 150 mil soldados, o valor estimado estava nos 130 mil. Agora, a Estónia estima que estejam nas fronteiras da Ucrânia “entre 150 mil e 170 mil militares”. “As Forças Armadas russas estão prontas para atacar a qualquer momento”, assegurou o chefe dos serviços de inteligence estonianos. “A Rússia tem todo o sistema de apoio ao combate necessário para a ação. E também vemos que a Força Aérea e a Frota do Mar Negro estão prontas para apoiar o ataque.”

As mesmas informações dão conta de que algumas forças de combate russas estão a progredir para ocuparem "terrenos chave" com vista a uma invasão em grande escala. De acordo com Marran, nas últimas horas foram identificadas movimentações agressivas de dez unidades de combate.

 

Outro aviso da NATO

 

Já antes da denúncia de que a Rússia está a reforçar posições, e não a reduzir, Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, mostrou ceticismo face à declaração de “retirada parcial” feita por Moscovo. "Até agora, não vimos qualquer desescalada no terreno, nenhuns sinais de redução da presença militar russa nas fronteiras com a Ucrânia, mas vamos continuar a monitorizar e a seguir atentamente o que a Rússia está a fazer.” 

Face às suspeitas de que a Rússia estará a reforçar, e não a diminuir a sua presença, Stoltenberg anunciou que a NATO está a considerar o envio de mais forças de combate para a Europa Oriental e Central.

O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, também avisou na quarta-feira que as forças russas continuam a “concentrar-se na fronteira”, e que a Rússia diz uma coisa mas está a fazer outra. 

Europa

Mais Europa

Mais Lidas

Patrocinados