opinião
Jornalista,editor de Sociedade

"Deputados" Reis e Newton: Montenegro não viu mesmo o naufrágio à frente dos olhos? 

23 abr, 19:59

O deputado Carlos Eduardo Reis prometeu, em abril passado, processar-me a mim e à TVI pelo "péssimo" jornalismo que fizemos na contextualização das escutas e de todo o material do processo Tutti-Frutti, a que tivemos acesso, no que lhe dizia a ele respeito. Terá Carlos Eduardo Reis mentido? O prazo de queixa são seis meses e até hoje não me chegou, infelizmente, nada. Infelizmente, porque, nos próximos meses, o deputado Reis vai receber em casa um despacho do Ministério Público a acusá-lo por corrupção. E com o preciso contexto que a TVI deu aos mesmos factos - pelo que ia ser interessante perceber como sustentaria o deputado Reis a tal queixa por difamação.

Em jornalismo, não fazemos acertos de contas mas temos memória. Para já, Carlos Reis sujeita a nova bancada do PSD a mais um embaraço: como há um ano ficou agarrado ao lugar de deputado e recusou demitir-se, mal a nova legislatura começou e já o Parlamento recebeu uma carta para que a imunidade lhe seja levantada: vai, obviamente, ser arguido por corrupção. Não havia necessidade, caso tivesse vergonha; ou caso Montenegro e Hugo Soares tivessem tido a coragem e o bom senso de deixar este ativo tóxico de fora das listas para lugares elegíveis.

O mesmo se aplica a Luís Newton, hoje também deputado. A cúpula dirigente do PSD não deu mesmo pelo naufrágio à vista, ou haverá outra explicação mais simples?

Carlos Eduardo Reis é suspeito de ter usado a sua empresa Ambigold - numa sociedade encapotada com o então deputado Sérgio Azevedo (outro arguido) - para mercandejar negócios de venda de bens e serviços em câmaras de norte a sul e nas juntas de Lisboa. Goza de presunção de inocência, mas as escutas do processo são o que são, como aquela em que diz ao telefone, numa eleição interna do PSD: "Ressuscitei 260 gajos" nos cadernos do partido.

Carlos Eduardo Reis goza de presunção de inocência, mas num país a sério, com escrutínio, padrões éticos e morais, onde as instituições fossem respeitadas, nunca podia ser deputado da Nação.

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