Guarda Costeira de Taiwan recusa pedir desculpa pela morte de dois pescadores chineses

Agência Lusa , AM
29 fev, 08:08
Taiwan (Associated Press)

Declaração surge um dia depois de Pequim ter exigido explicações a Taipé para o incidente de 14 de fevereiro

A Guarda Costeira de Taiwan afirmou esta quinta-feira que não vai pedir desculpa pela morte de dois pescadores chineses ao largo das ilhas Kinmen, defendendo que o seu pessoal atuou "de acordo com a lei" durante a perseguição do barco em que viajavam.

"A Guarda Costeira desempenha as suas funções em conformidade com a lei. De acordo com as provas objetivas da investigação em curso, o pessoal da Guarda Costeira não é responsável [pelas mortes] e, por conseguinte, não há nenhum pedido de desculpas por escrito", disse o chefe da secção de patrulha da Guarda Costeira, Liao Yun-hung, em conferência de imprensa.

A declaração surge um dia depois de Pequim ter exigido explicações a Taipé para o incidente de 14 de fevereiro, em que dois dos quatro membros da tripulação de um barco de pesca chinês morreram após uma perseguição pela Guarda Costeira de Taiwan nas águas ao largo das Kinmen.

"As medidas tomadas pelas autoridades de Taiwan feriram gravemente os sentimentos dos compatriotas de ambos os lados do Estreito de Taiwan. Desde que o incidente ocorreu, as autoridades do Partido Democrático Progressista (DPP) não pediram desculpa", protestou o porta-voz do Gabinete para os Assuntos de Taiwan do governo chinês, Zhu Fenglian, em conferência de imprensa.

O DPP, tradicionalmente pró - independência, ocupa atualmente o poder em Taiwan.

Segundo Zhu, o governo taiwanês "mentiu" e "escondeu a verdade", "sem mostrar humanidade".

O porta-voz do governo de Taiwan, Lin Tze-luen, garantiu que as autoridades da ilha estão a prestar "toda a assistência" às famílias das vítimas e sublinhou que a investigação judicial "ainda está em curso".

A "zona interdita" em torno das Kinmen estende-se a meio caminho da costa chinesa a norte e nordeste, cerca de quatro quilómetros a leste e outros oito quilómetros a sul do arquipélago, mas a China não reconhece oficialmente a existência destas fronteiras.

A presidente do Conselho dos Assuntos Oceânicos de Taiwan, Kuan Bi-ling, denunciou na terça-feira a incursão de cinco navios de vigilância chineses nas águas proibidas ou restritas das ilhas Kinmen, o que, aos olhos do Governo taiwanês, constitui uma tentativa de "declarar a soberania" na zona.

As ilhas Kinmen têm sido objeto de múltiplas disputas entre a China e Taiwan ao longo das décadas, com destaque para o bombardeamento maciço em 1958, quando os militares chineses abriram fogo sobre o arquipélago no âmbito da segunda crise do Estreito de Taiwan.

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