China inicia maior operação militar de sempre junto a Taiwan (que diz estar "preparada para a guerra")

Agência Lusa , AM
4 ago 2022, 06:17
Visita de Nancy Pelosi a Taiwan (Associated Press)

China iniciou esta quinta-feira exercícios militares, que incluem fogo real, nas imediações de Taiwan. Foram lançados mísseis balísticos nestes exercícios

As forças armadas de Taiwan disseram esta quinta-feira que se estão a "preparar para a guerra sem procurar a guerra", momentos depois de a China ter iniciado as maiores manobras militares da história em torno da ilha. "O Ministério da Defesa Nacional sublinha que respeitará o princípio de se preparar para a guerra sem procurar a guerra", disse o Ministério da Defesa de Taiwan em comunicado.

A China iniciou hoje os exercícios militares, que incluem fogo real, nas imediações de Taiwan, noticiou a televisão estatal chinesa CCTV, a maior operação de sempre junto da ilha reivindicada por Pequim. "Os exercícios estão a começar", disse a CCTV numa mensagem publicada na rede social Weibo. Os exercícios estão programados até domingo.

As manobras militares surgem em resposta à visita da congressista norte-americana Nancy Pelosi a Taiwan, vista como uma grave provocação pela China. O Governo chinês respondeu nos últimos dias com sanções económicas a Taiwan.

ASEAN pede a Estados Unidos e China para evitarem provocações

A Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) apelou à calma no Estreito de Taiwan, aconselhando contra qualquer "ação provocatória" na sequência da visita a Taipé da líder da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos.

Numa rara declaração sobre este tipo de questões, os ministros dos Negócios Estrangeiros das dez nações da ASEAN, reunidos em Phnom Penh, capital do Camboja, expressaram preocupação com a possibilidade da situação poder "desestabilizar a região e eventualmente levar a um erro de cálculo, a um confronto sério, a conflitos abertos e a consequências imprevisíveis entre grandes potências".

Nancy Pelosi é a mais importante responsável norte-americana a visitar a ilha em 25 anos. A visita causou indignação junto do Governo chinês, que respondeu nos últimos dias com sanções económicas a Taiwan, além da realização de exercícios militares com fogo real em seis zonas marítimas perto da ilha a partir de hoje, até domingo.

Washington tem também um porta-aviões e outro equipamento naval na região.

Pequim reclama a soberania sobre a ilha e considera Taiwan uma província separatista desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para a ilha em 1949, depois de perderem a guerra civil contra os comunistas.

No comunicado da ASEAN, os ministros apelaram ainda à "máxima contenção" e a que os envolvidos "se abstenham de ações provocatórias".

"O mundo precisa urgentemente da sabedoria e responsabilidade de todos os líderes para defender o multilateralismo e a parceria, a cooperação, a coexistência pacífica e a competição saudável para os nossos objetivos comuns de paz, estabilidade, segurança e desenvolvimento inclusivo e sustentável", escreveram os chefes da diplomacia.

"Devemos agir em conjunto e a ASEAN está pronta a desempenhar um papel construtivo na facilitação do diálogo pacífico entre todas as partes", acrescentaram.

A ASEAN é constituída pelo Brunei, Camboja, Indonésia, Laos, Malásia, Myanmar (antiga Birmânia), Filipinas, Singapura, Tailândia e Vietname.

UE condena manobras militares "agressivas" de Pequim

O chefe da diplomacia da União Europeia condenou hoje as manobras militares "agressivas" da China no Estreito de Taiwan.

Josep Borrell sustentou que não há "nenhuma justificação" para as ações e que Pequim está a utilizar a visita a Taiwan da congressista americana Nancy Pelosi "como pretexto".

"É normal para os deputados dos nossos países fazerem viagens internacionais", escreveu na rede social Twitter a partir da capital do Camboja, à margem de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

O Ministério da Defesa de Taiwan denunciou esta quarta-feira a incursão de 27 aviões militares chineses na Zona de Identificação de Defesa Aérea (ADIZ) na quarta-feira, dia da visita da congressista norte-americana Nancy Pelosi.

Na terça-feira, Taiwan tinha dado conta da incursão de 21 aviões chineses, horas antes de Pelosi aterrar na ilha.

Em ambas as ocasiões, de acordo com o comunicado, o ministério ativou uma patrulha aérea de combate, emitiu avisos de rádio e ativou sistemas de defesa antimísseis para monitorizar as aeronaves chinesas.

A ADIZ não é definida ou regulada por qualquer tratado internacional e não é equivalente ao espaço aéreo de Taiwan, mas cobre uma área maior, que inclui áreas da China continental.

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