Taça: Gil Vicente-Arouca, 1-4 (crónica)

André Cruz , Estádio Cidade de Barcelos
8 nov 2022, 20:45

Mújica arouquense mexe com emoções do galo

O Arouca venceu de forma esclarecedora em casa do Gil Vicente, por 4-1, em jogo da quarta eliminatória da Taça de Portugal e deixou os galos pelo caminho. Rafa Mújica apontou um hat trick, enquanto Sema Velásquez marcou o outro golo dos arouquenses, que, pelo meio, permitiram o golo de Vítor Carvalho.

Dizer que este Gil Vicente atravessa uma crise de confiança é claramente redutor. A equipa está em claro estado depressivo, transportou-o do campeonato para a Taça e até o acentuou. No fim de semana, há jogo na Luz e, tendo em conta as circunstâncias, o futuro não se augura risonho. No capítulo ofensivo, os barcelenses mostram bons princípios, querem ser uma equipa com bola e agradável de se ver, mas é demasiado macia e permite muitas ocasiões aos adversários.

Diante deste Arouca, que vinha com o ego em altas depois dos triunfos sobre Sporting e Vizela, o meio-campo gilista foi uma autêntica passadeira vermelha. A velocidade dos homens do ataque arouquense surpreendeu a defensiva dos galos e colocou-a demasiadas vezes em contrapé.

O conjunto de Barcelos está frágil. Na primeira ocasião que concedeu ao Arouca, sofreu. Antony, um dos destaques desta temporada nos arouquenses, teve demasiado tempo e espaço para construir no corredor central e servir Mújica, carrasco dos galos já no encontro do campeonato.  

Apesar das contrariedades, o Gil conseguiu responder, assentado no orgulho, uma das características que ainda não desapareceu na equipa. Depois do 1-0, criou várias ocasiões. Carraça testou João Valido, Murilo fez abanar a baliza com um remate ao poste e, por fim, chegou o golo. Na sequência de uma bola parada, Fujimoto serviu Vítor Carvalho, que na recarga a um remate defendido por Valido, deixou o marcador empatado.

Mas a cena dos primeiros minutos viria a repetir-se. O Arouca aumentava a aceleração na frente e os defesas gilistas não tinham ritmo para acompanhar.

Mújica, de resto, parece gostar de marcar aos galos e bisou no encontro, respondendo no segundo poste a uma bola exemplarmente colocada por Arsénio.

Carlos Cunha identificou o problema do Gil no meio-campo e colocou Arbujania para a segunda parte, retirando Vítor Carvalho, autor do primeiro golo. O problema é que os gilistas perderam agressividade e a estratégia de Armando Evangelista ganhou ainda mais força.

A viverem momento tão antagónicos, é natural que a sorte sorria mais vezes ao Arouca e invada a porta do Gil Vicente com maior regularidade.

Foi isso que se viu no terceiro golo dos arouquenses, que fechou as contas deste encontro da quarta eliminatória. David Simão tentou o remate de longe, a bola até saiu com pouca força, mas Mújica estava no sítio certo para ganhar o ressalto e atirar para o fundo das redes.

Depois, falou mais alto o coração do que a razão. O Gil atirou-se com poucas precauções para o ataque e sofreu vários sustos com os ataques dos lobos de Arouca. A falta de capacidade racional evidenciou-se já mesmo nos últimos minutos, quando os anfitriões ficaram reduzidos a nove. Primeiro, foi Kevin Medina a agarrar Arsénio, quando este seguia com via aberta para a baliza de Kritciuk e a ver cartão vermelho. Depois, foi Lucas Cunha a perder a cabeça e a atingir com violência Tiago Esgaio, recebendo ordem de expulsão.

Ainda havia espaço para nova desconcentração, quando, em tempo de descontos, Mizuki, na própria área, protagonizou uma assistência involuntária para Sema Velázquez ditar o desfecho do encontro.

O Gil Vicente cai na quarta eliminatória da Taça e fica bem estendido no chão. Por sua vez, a «Mújica» que o Arouca apresentou em Barcelos faz suspirar por palcos maiores. Mérito seja dado ao trabalho de Armando Evangelista.

Como nota final, fica ainda uma curiosidade: o Arouca tem no Gil Vicente uma presa fácil, já que nunca perdeu com os gilistas. Em 12 jogos, este foi o oitavo triunfo.

Patrocinados