Taça: Vilar de Perdizes-FC Porto, 0-2 (crónica)

Sérgio Pires , Estádio Municipal de Chaves
20 out 2023, 22:48
Vilar de Perdizes-FC Porto (Lusa/Pedro Sarmento Costa)

Dragão imune a mezinhas numa noite de sexta-feira 20

Diabos, mafarricos, a queimada e o esconjuro… E a tudo junta-se agora um dragão, que acabou por pairar na noite transmontana.

Uma semana depois da sexta-feira 13 criada pelo Padre Fontes, que põe esta localidade de Montalegre no mapa, Vilar de Perdizes viveu outra festa a valer.

Os 400 habitantes da aldeia mais mística de Portugal transferiram-se para a bancada central do Estádio Municipal de Chaves, a 25 quilómetros de casa, para verem ao vivo a equipa da terra frente ao FC Porto, que antes de voltar às andanças da Liga dos Campeões – em Antuérpia, na próxima quarta-feira –, teve de suar para levar de vencida o Vilar de Perdizes, do Campeonato de Portugal.

Quem vem do Porto tem de andar bastante mais: 150 quilómetros, pelo menos, quase até chegar aqui, bem juntinho à fronteira com Espanha, mas com o balanço acaba por chegar mais longe.

O FC Porto seguiu em frente e passou no teste de não menosprezar o adversário, tal como Sérgio Conceição havia alertado na antevisão.

Para contrariar o 5-3-2 que Vítor Gamito pôs em campo para dar ao pedal e travar a locomotiva azul e branca, o técnico portista – sem Zaidu e Wendell lesionados – adaptou André Franco ao lado esquerdo da defesa e jogou com os laterais bem projetados e num 4-4-2 com tração à frente.

Apesar do domínio territorial, o FC Porto tardou a criar perigo no último terço. Navarro, titular esta noite ao lado de Namaso, voltou a desperdiçar uma oportunidade e continua sem marcar.

Acabou por ser Franco a mostrar qualidades como atirador e não só para resolver um jogo que parecia embrulhado.

Aos 36 minutos, o lateral apareceu à entrada da área e rematou colocadíssimo para abrir o marcador. Já na segunda parte, aos 61m, voltou a integrar-se bem no ataque e coube-lhe a assistência para Evanilson, acabado de entrar para o lugar de Navarro.

Em duas penadas, o FC Porto resolveu o jogo, diante de uma equipa do Vilar de Perdizes que trabalhou imenso e mostrou qualidade a espaços, sem, contudo, esbater por completo o imenso fosso competitivo que a separa do detentor da Taça de Portugal.

Não houve bruxas, como há uma semana, mas houve festa para mais de quatro mil pessoas nas bancadas.  

Os dragões voaram sobre perdizes, como esperado frente a uma equipa que está no quarto escalão do futebol português, e acabaram o jogo mais perto do terceiro golo do que o adversário alguma vez se acercou do empate.

Esta noite, Gamito até poderia vestira capa do Padre Fontes, que nem assim acabaria por derrotar o mitológico dragão. Poderia até trocar o caldeirão por uma taça para mexer uma poção com penas de galinha, pernas de rã, ervas, incensos e velas, e dizer umas palavras mágicas, que acabaria por bater de frente com a dura realidade de uma equipa do FC Porto, que mesmo desinspirada acaba por ter bom remédio para escapar a qualquer mezinha.

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