Visita guiada à Cidade Desportiva (que deixa o Sp. Braga ao nível dos melhores)

18 ago 2023, 08:03

O Maisfutebol foi convidado para conhecer a nova infraestrutura bracarense, cuja segunda fase custou 47 milhões de euros, tem mais campos de treino do que qualquer outra academia no país e vai servir também as modalidades amadoras. Um verdadeiro luxo de clube grande.

Erguida sobre os escombros de uma piscina olímpica que nunca o chegou a ser, a nova Cidade Desportiva do Sp. Braga tem quase tudo para estar ao nível das melhores do mundo. Falta-lhe apenas, e para já, um hotel para albergar todos os jovens que vêm de fora.

Na verdade, refira-se, tem um hotel, sim, com 55 quartos e um total de 120 camas, mas a maioria deles estão destinados apenas aos estágios da equipa principal. São quartos individuais, distribuídos por dois andares, com vista desafogada e um ecrã LED no qual poderão ser colocadas mensagens individualizadas para cada atleta.

Depois também há quartos com beliches, para duas e até quatro pessoas, num total de 32 camas que ficarão disponíveis para jovens atletas que venham de fora. Mas não para todos: o clube continuará a utilizar a residência no centro de Braga para os restantes.

Reduzir a Cidade Desportiva ao hotel é, porém, profundamente restritivo.

Sobretudo porque o complexo é cheio de pormenores e estruturas de apoio que prometem ser uma mais-valia para as equipas, e até para todo o clube. Isto porque a Cidade Desportiva destina-se a várias modalidades: ao contrário do que acontece noutros grandes de Portugal, como o Benfica ou o Sporting, não é apenas para o futebol.

«Com a inauguração da segunda fase da Cidade Desportiva, cumprem-se várias metas que entendíamos como essenciais para o crescimento do clube em todas as suas vertentes. Tenho de referir, por ser factual, que este é um esforço financeiro suportado exclusivamente pelo Sp. Braga e que denota a capacidade que temos hoje de gerar receitas que permitam conciliar o rendimento desportivo com uma visão para o crescimento e a valorização institucional», considera o presidente António Salvador.

Dez campos de treino, o que bate até o Seixal e Alcochete

Começando pelo início, porém, convém dizer que a segunda fase será inaugurada no dia 4 de setembro, ficando ainda por concluir uma terceira fase: a qual incluirá o miniestádio, destinado aos jogos da equipa feminina, com previsão de conclusão para 2024, e um museu interativo de 2500 metros quadrados e previsão de inauguração em 2025.

A segunda fase, que vai ser inaugurada com presença das maiores figuras do desporto nacional e do próprio Estado português, significou um investimento de 47 milhões de euros, o qual foi na totalidade suportado pelo Sp. Braga.

Está colado ao Estádio Municipal, conta com um total de dez campos de treino (o que supera os nove do Seixal e os oito de Alcochete) e um edifício multiusos no qual ficarão instalados os serviços administrativos, as equipas profissionais (principal e bês) e as três modalidades principais (basquetebol, voleibol e futsal).

A segunda fase tem uma área de construção de 30 mil metros quadrados, o que, somado aos cinco mil metros quadrados da primeira fase (destinada apenas à formação), perfaz um total de 35 mil metros quadrados, para já. No futuro crescerá ainda com o miniestádio.

Serviços administrativos mudam-se para a Cidade Desportiva

Para quem chega à Cidade Desportiva, o primeiro edifício está destinado aos serviços administrativos. A partir do dia 4, de resto, todos os funcionários do clube, dos vários departamentos (financeiros, marketing, sócios, enfim) se mudam para o novo complexo.

O edifício, como já se disse, nasceu em cima dos alicerces de um projeto de Mesquita Machado para uma piscina olímpica, que sofreu sucessivas derrapagens financeiras e por isso nunca saiu do papel. Era, portanto, um espaço morto e completamente abandonado, que o Sp. Braga revitalizou para oferecer à cidade um novo polo urbano.

Ora será neste edifício que ficarão estruturas como a loja do clube, o estacionamento subterrâneo, os gabinetes de trabalho, incluindo a comunicação, o marketing e a televisão Next, mais uma sala de lazer e a zona dos gabinetes da administração.

Em relação a esta última, refira-se que vai ter acesso por um elevador privado, para um local mais isolado no qual ficará o gigante escritório do presidente (com sala de reuniões e refeições incluída) e, logo ao lado, os dois gabinetes dos administradores executivos.

Todas estas valências deixam o Estádio Municipal de Braga, que é propriedade da autarquia, e mudam-se para uma estrutura que é totalmente propriedade do clube.

O estádio fica assim apenas para os dias de jogo da equipa principal.

No futuro, também será neste edifício que vai ficar instalado o museu interativo, que por isso mesmo (porque é interativo) será construído num piso subterrâneo.

«Estamos perante uma instalação que vai revolucionar todo o dia a dia do clube e que tem especial relevância por complementar, com a primeira fase, o centro de formação, assim como com o Estádio Municipal e o mini-estádio, que já está em obra. Analisando este complexo como um todo, creio que o Sp. Braga passa a beneficiar de condições únicas no panorama nacional e que acreditamos que serão um marco histórico para a afirmação e o crescimento do clube», considera António Salvador.

Pavilhão com 2400 metros quadrados e espaço para três jogos em simultâneo

Num segundo edifício, com entrada lateral, fica o espaço das modalidades. Que terá todas as valências para colocar o futsal, o basquetebol e o voleibol a trabalhar ao nível de uma equipa de futebol: sala médica, sala de massagens, ginásio próprio, sala de imprensa, sala de fisioterapia e até oito (!) balneários.

O pavilhão de jogos tem 2400 metros quadrados, lugar para 1400 espectadores e dois ecrãs LED de última geração com 15 metros quadrados cada. A bancada nascente está ainda equipada com linha de Led com 60 metros de comprimento.

Um pormenor interessante é que o pavilhão está equipado com cortinas separadoras, as quais permitem dividir o espaço de jogo em três campos: o que significa que podem estar a treinar três equipas em simultâneo, com total privacidade e um campo só para elas.

De resto, neste edifício ficam também os gabinetes de trabalho das equipas técnicas das modalidades e fica ainda uma sala para a modalidade de boccia, que serve simultaneamente de sala de ativação dos atletas das outras modalidades quando isso for necessário.

«Garantiu-se assim uma casa das modalidades, até aqui sempre dispersas por toda a cidade e sem serviços comuns e partilhados que permitissem a sua otimização, e também uma maior identificação com os sócios e adeptos», refere o presidente António Salvador.

Ala profissional tem ginásio de 500 metros quadrados, parede digital e hall of fame em LEDs

No mesmo edifício, mas na parte mais próxima dos campos de treinos (e por isso mesmo mais distante da rua) fica a ala do futebol profissional. Que acaba por ser, muito naturalmente, a parte mais luxuosa de todo o empreendimento.

A ala profissional acaba por estar separada do restante edifício por um jardim interior, a partir do qual se tem acesso a um espaço de convívio, com uma zona de lazer com PlayStations, mesas de bilhar, matraquilhos, ecrãs de televisão, enfim. Também nessa área fica a sala de imprensa com lugar para 60 pessoas, a sala médica e outras estruturas de apoio.

Ao fundo do corredor, e com acesso por elevador direto à garagem subterrânea dos jogadores, fica um hall com uma parede digital, que está preparada para transmitir mensagens personalizadas para cada jogador. Ou seja, um atleta estaciona o carro, passa o cartão para dar entrada na Cidade Desportiva e, quando chega ao hall, a parede digital tem uma mensagem de boas vindas personalizada para ele e outras informações que o clube lhe queira transmitir.

Da mesma forma, quando sai do balneário tem de passar o cartão para registar a saída e a parede digital mostra uma mensagem de despedida e informações com dados do treino.

As mensagens personalizadas, de resto, não são um exclusivo da parede digital do hall. Os jogadores vão ter acesso a elas também nos ecrãs LCD colocados nos quartos do hotel.

Voltando atrás, interessa dizer que do hall da ala profissional se segue para as zonas das duas equipas profissionais: de um lado a equipa principal e, do outro, feita em espelho, mas com áreas mais pequenas, e naturalmente menos luxuosas, a zona da equipa B.

Os detalhes são aliás admiráveis.

O corredor de acesso ao campo de treinos, por exemplo - sendo que a equipa principal tem dois campos de treinos exclusivos para ela -, está decorado com um hall of fame das grandes figuras do clube: os maiores nomes do futebol são recordados em gigantes LED.

Os jogadores terão à disposição um ginásio com 500 metros quadrados, com um espaço exterior para exercícios de corrida e até com um campo de futevólei, em areia, para se divertirem nos tempos mortos. Para além disso têm uma sala de ativação, uma sala de fisioterapia, uma sala de banhos e massagens e até uma sala de crioterapia, com duas grandes banheiras de gelo feitas em pedra.

O balneário da equipa principal é também um luxo: enorme, em tons de encarnado escuro, laranja e cinzento, com o símbolo do clube iluminado no teto, lugares todos personalizados para cada jogador, um ecrã de 98 polegadas para o treinador passar informações gerais e três ecrãs LCD mais pequenos para detalhar pormenores individuais para cada atleta.

Nesta zona fica ainda, de resto, o refeitório geral, aberto a todos os funcionários, e uma sala de refeições exclusiva para a equipa principal, que também terá uma área de lazer.

A enorme cozinha serve as duas salas – o refeitório e a sala da equipa principal – as quais não têm contacto direto. Por falar em cozinha, interessa dizer que está dividida em vários espaços, e tem inclusivamente três ilhas isoladas: uma só para cozinhar carne, a outra só para peixe e a outra para legumes.

É também nesta zona que fica a unidade hoteleira, que se estende pelos segundo e terceiro pisos, com um total de 55 quartos, todos com casa de banho privativa e cama individual com dois colchões.

Desta ala profissional há saída para um terraço alto, a partir do qual se tem acesso aos campos de treinos, através de um corredor ao ar livre.

«Asseguramos um espaço pensado de raiz e totalmente dedicado ao futebol profissional, que como se sabe utiliza as instalações do estádio desde a sua inauguração. Ao acrescentar, às valências de topo, um edifício residencial, garantimos não apenas todas as condições à equipa principal, mas também um reforço da aposta nos escalões de formação e na capacidade de atração dos maiores talentos, que terão também aí o seu espaço», diz António Salvador.

190 ecrãs LCD, 103 câmaras CCTV e até uma central fotovoltaica em estudo

O Maisfutebol foi convidado para fazer uma visita exclusiva à Cidade Desportiva, numa altura em que os trabalhadores realizavam as últimas instalações, de forma a ter tudo pronto para a inauguração do luxuoso espaço no dia 4 de setembro.

Por falar em trabalhadores, interessa dizer que um número médio de 150 profissionais por dia a trabalhar nas obras do complexo.

Os números são, aliás, admiráveis.

A Cidade Desportiva vai ter um total de 190 ecrãs LCD, 103 câmaras de circuito interno (CCTV), 1600 espaços de iluminação, 15 quilómetros de cabos de televisão, 87 quilómetros de cabos de telecomunicações e 100 quilómetros de cabos de iluminação.

Para além disso, e pensando otimização da gestão ambiental, o clube vai fazer o aproveitamento das águas freáticas da cave do edifício para regar os campos da Cidade Desportiva com 500 mil litros de água por dia e vai utilizar painéis solares térmicos para o aquecimento das águas de banhos nos balneários.

Nesta altura, os responsáveis já iniciaram também os estudos para a implementação de uma central fotovoltaica, para produção de energia elétrica, à semelhança do que já faz, por exemplo, o Centro de Estágios do Seixal.

Por tudo isto é impossível deixar de sentir que a Cidade Desportiva do Braga tem praticamente tudo para se posicionar ao nível das melhores do mundo.

«O Sp. Braga tem evoluído organicamente, dependendo apenas dos recursos que gera, o que me parece notável e deve transmitir-nos enorme orgulho e confiança para o futuro. Não deixo de pensar, porém, que o projeto edificado representa um enorme valor para a cidade, para a região e para a comunidade, indo muito além da esfera do clube. O Sp. Braga não só não depende hoje de terceiros como tem capacidade e autonomia para entregar valor urbanístico, paisagístico e social», finaliza António Salvador.

 

Patrocinados