Portugal-Eslováquia, 3-2 (crónica)

Ricardo Jorge Castro , Estádio do Dragão, Porto
13 out 2023, 21:52

Sem superstições, nem calculadoras: o apuramento mais rápido da história numa casa especial

Foi sem superstições. Nem calculadoras. Mas ainda foi preciso sofrer um bocadinho.

Portugal está no Euro 2024, confirmando a presença com o triunfo por 3-2 ante a Eslováquia.

Numa sexta-feira 13 em pleno Dragão, a seleção nacional garantiu o apuramento mais rápido de sempre para a fase final de uma grande competição: vai para a 17.ª, a 13.ª consecutiva. Para o nono Europeu.

Fê-lo com três jornadas ainda por disputar, no mesmo palco do apuramento para o Mundial 2022, da conquista da Liga das Nações e onde confirmou o acesso ao Euro 2008.

Gonçalo Ramos abriu a contagem e o bis de Cristiano Ronaldo desfez as (poucas) dúvidas, em resposta à melhor fase da Eslováquia, acompanhada do golo de Hancko, o primeiro que Portugal sofreu na qualificação. Um golaço de Lobotka ainda causou suspense, mas a vitória não fugiu.

Na noite em que recebeu a distinção pelas 200 internacionalizações (alcançadas na Islândia, em junho), Ronaldo chegou aos 125 golos ao jogo 202 por Portugal… no palco onde fez o primeiro golo, ante a Grécia, no Euro 2004.

Rafael Leão dizia esta semana que o «Dragão é especial», lembrando a qualificação em 2022. E não faltam mesmo razões na história da seleção: o Dragão é mesmo especial.

Num jogo em que mudou quatro nomes face à goleada ao Luxemburgo, mas apenas um face ao triunfo na Eslováquia, Portugal foi superior em toda a linha na primeira parte. A Eslováquia esteve longe do que fez em Bratislava. Não teve bola, soluções, opções e muito por mérito de Portugal. No regresso de Ramos ao onze, Ronaldo fez-lhe companhia à frente e Portugal montou um cocktail certo para impedir os eslovacos de fazer mossa: a segurança defensiva, aliada às incursões de Dalot e Cancelo pelas laterais, à velocidade de Leão pela esquerda, ao raio de ação de Palhinha a dar segurança no miolo e à qualidade de Bernardo e Bruno com e sem bola proporcionaram um 2-0 sólido ao intervalo.

Portugal partiu para jogo com 18 pontos e com os 21 na mira… e foi aos 18 que Gonçalo Ramos lançou Portugal para os 21: finalização de cabeça na área, após um cruzamento de Bruno Fernandes, que trabalhou de forma sublime sobre Duda. Sete golos em nove internacionalizações. Uma média incrível.

O 2-0 surgiu aos 29 minutos, depois de um braço na bola de Vavro na área. Ronaldo dobrou a diferença de grande penalidade e cimentava a superioridade lusa.

No meio da festa do golo, é justo dizer-se que o intervalo não chegou com um resultado mais desequilibrado por culpa e mérito de Dúbravka: ganhou dois duelos a Bruno Fernandes com duas notáveis defesas, evitou o 3-0 a Ramos e a Bernardo e ainda viu uma bola ao ferro pelo avançado do PSG. Tudo isto sem esquecer, ao minuto sete, um lance incrível que não deu golo por acaso.

A Eslováquia, mal se viu e só criou um susto a Portugal à boleia de… António Silva: o central meteu o pé para cortar o cruzamento de Mak e Diogo Costa afastou para o ferro, aos 15 minutos.

Portugal foi para a segunda parte por cima, a dever a si – ou a Dúbravka – outra margem. Nada parecia fazer prever um final de jogo com um bocadinho de sofrimento.

Deveu-se muito à entrada de Suslov que, aos poucos, deixou Portugal… a olhar de soslaio para o jogo. Deixou dois avisos e Hancko, que fez o primeiro remate à baliza ao minuto 62, bateu Diogo Costa ao minuto 69 para o 2-1. 

A seleção não parecia desconfiada de si mesma. Nem tinha razões para isso. Mas foi desafiada num contexto até então não visto (nem previsto) na noite do Dragão.

O jogo animou, partiu um bocadinho e o bis de Ronaldo, pouco depois, ao minuto 72 (bom passe de Cancelo para a assistência de Bruno) dava o descanso de outrora. Lobotka ainda criou a dúvida com um belo remate para o 3-2 a dez minutos dos 90 e num vaivém final de emoções em que o 4-2 esteve sempre mais perto do 3-3 (e com um adepto a entrar no relvado para tirar uma selfie com Ronaldo), Portugal acabou a celebrar numa casa especial e vai à Bósnia e ao Lichtenstein e antes de receber a Islândia já com bilhete para a Alemanha no próximo verão.

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