«Não vamos ficar à espera» (Humberto Coelho)

23 jun 2000, 19:22

Seleccionador quer Portugal a resolver o jogo Humberto Coelho quer uma equipa portuguesa que amanhã, diante da Turquia, assuma a resolução do jogo, apesar de se tratar de um encontro a eliminar e um erro poder significar o afastamento.

Ontem, Rui Caçador já tinha dado o mote: a operação-Turquia está a ser preparada com um máximo de secretismo. Humberto Coelho, fiel aos seus hábitos, acentuou a tendência, numa conferência de imprensa com poucas indicações concretas acerca das opções a tomar para o jogo do Arena: «Só depois do último treino vamos analisar a melhor estratégia para enfrentar os turcos», afirmou o seleccionador, que chamou a atenção para as características diferentes de um jogo a eliminar: «Não vamos mudar a atitude nem o sistema de jogo, mas é impossível fazer comparações directas entre os jogos de poule e um encontro decisivo desta natureza. A responsabilidade é diferente, e a concentração tem de ser ainda mais elevada.» 

Sobre a perspectiva de um jogo de paciência, à imagem do sucedido com a Roménia, Humberto manifestou-se pronto para qualquer eventualidade: «Uma coisa é certa: não vamos esperar por nada, queremos ser nós a decidir o jogo. Mas isso vai depender de muita coisa, incluindo o próprio estado do relvado». 

A Turquia promete ser «um adversário digno de respeito, que beneficia do bloco do Galatasaray (nove jogadores) e estará disposto a correr e a lutar até à exaustão, com a generosidade típica do seu povo». O papel de Hakan Sukur na manobra da equipa foi destacado por Humberto, que se assumiu como «admirador de grandes avançados, como Sukur» embora salientasse a sua satisfação pelo rendimento dos atacantes portugueses. 

Preparados para tudo 

Admitindo não ter problemas clínicos, à excepção de Secretário, Humberto ressalvou alguma expectativa em relação a Abel Xavier: «O Abel regressou aos treinos há pouco, estamos a acompanhar a sua evolução, mas em princípio não há problemas». O mutismo sobre a composição da equipa foi total, mesmo quando Sérgio Conceição foi o nome lançado para a mesa: «O Sérgio pode jogar, assim como qualquer outro dos 22» foi o comentário, seco, do seleccionador. 

Nem jogadores, nem sistema. Humberto Coelho escusou-se mesmo a comentar a eventualidade de colocar de novo em prática o esquema de três centrais testado na primeira parte do jogo com a Alemanha (um esquema que ensaiara, sem sucesso, na sua estreia como seleccionador, em Wembley): «A equipa está preparada para adaptar-se a diferentes sistemas e adversários, inclusive a fazê-lo no decorrer do próprio jogo. Só na manhã do jogo vamos tomar as últimas opções, mas sabemos que apesar de uma trajectória cem por cento vitoriosa temos ainda muito trabalho pela frente».  
 

O elogio da alegria 

Procurando evitar polémicas, Humberto recusou-se a comentar de novo o tema da renovação de contrato com a FPF: «Não quero falar mais disso antes do fim do Europeu, há um tempo para tudo». Visivelmente mais à-vontade quando a conversa se dirigiu para os elogios do seleccionador turco, Denizli, bem como da generalidade dos observadores estrangeiros, Humberto teve, finalmente, uma declaração espontânea e distante dos lugares-comuns: «Os elogios são agradáveis, e merecem o nosso agradecimento, mas convém não exagerar. Mas é verdade que a alegria de jogar é uma componente fundamental do nosso estilo. E eu, no banco, também me divirto, no sentido profissional do termo, quando vejo os meus jogadores a demonstrar tanta alegria por fazerem aquilo de que gostam como aconteceu no jogo com a Alemanha». 

Com a imprensa estrangeira a pedir-lhe o segredo da portuguese way, Humberto soltou então o seu discurso para níveis bem mais interessantes: «A nossa facilidade técnica parte, antes do mais, pela paixão que os nossos jogadores têm pelo futebol e pelo gosto que demonstram em fazer coisas bem feitas». O acento na técnica individual foi complementado por uma referência ao colectivo, exemplificado com alguns desfechos deste Europeu: «A dinâmica é a componente essencial do nosso conceito: este Europeu marcou a derrota das selecções que apostam no futebol directo e provou que o meio-campo é uma etapa essencial da construção de jogo. Mas essa etapa tem de ser cumprida com dinâmica, movimentações e rapidez, e adaptada aos jogadores disponíveis. E o futebol português está a conseguir conciliar as aptidões naturais dos seus jogadores com as mais-valias que são trazidas pelas carreiras de alguns elementos no estrangeiro».

Seleção

Mais Seleção

Patrocinados