Guterres disse ainda aos manifestantes estar a "seguir de muito perto as negociações" em torno da libertação dos reféns, tendo-se reunido na passada sexta-feira com o primeiro-ministro do Qatar, que está diretamente envolvido nas negociações entre o Hamas e as autoridades israelitas.
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, abordou esta sexta-feira em Nova Iorque um grupo de manifestantes israelitas assegurando que, se fosse primeiro-ministro, de Portugal ou Israel, a sua "principal prioridade" seria a libertação dos reféns retidos pelo grupo islamita Hamas.
Tal como tem acontecido todas as sextas-feiras ao longo das últimas 15 semanas, dezenas de israelitas, incluindo familiares de reféns detidos pelo Hamas, protestaram hoje em frente à residência de Guterres, em Nova Iorque, onde interpelaram diretamente o líder da ONU sobre o que faria para recuperar 136 reféns portugueses, se ainda fosse primeiro-ministro de Portugal.
"Posso dizer-lhe que, como primeiro-ministro de Portugal, ou se fosse primeiro-ministro de Israel, a minha primeira prioridade seria a libertação dos reféns", disse Guterres à multidão enquanto falava através de um megafone.
"Primeiro, quero dizer-vos que tenho o maior respeito pela vossa dor e pela vossa preocupação. Já me encontrei e falei com vários reféns (...) O que eu posso dizer é que se eu fosse primeiro-ministro hoje, nomeadamente de Israel, a minha principal prioridade seria a libertação de reféns", insistiu.
A interação de Guterres com os manifestantes testemunhada pela Lusa teve lugar poucos dias depois de passarem quatro meses desde que Israel invadiu a Faixa de Gaza, em retaliação pelo ataque do Hamas em solo israelita, e no mesmo dia em que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou às Forças de Defesa de Israel que comecem a preparar a evacuação de Rafah, para onde fugiram centenas de milhares de palestinianos desde o início da guerra.
Guterres disse ainda aos manifestantes estar a "seguir de muito perto as negociações" em torno da libertação dos reféns, tendo-se reunido na passada sexta-feira com o primeiro-ministro do Qatar, que está diretamente envolvido nas negociações entre o Hamas e as autoridades israelitas.
Apesar de não estar em contacto com o Hamas, o secretário-geral assegurou que tem feito "muita pressão" para que todos os reféns sejam libertados imediata e incondicionalmente, tendo ouvido dos manifestantes: "isso não é suficiente".
"Eu estava um pouco otimista porque, pela primeira vez, as negociações discutiam a possibilidade de libertação de todos os reféns. Não apenas de grupos de reféns", afirmou o ex-primeiro-ministro português, admitindo agora "preocupação" face aos recentes desenvolvimentos.
Benjamin Netanyahu, rejeitou na quarta-feira os termos do Hamas para um cessar-fogo e um acordo de libertação de reféns.
Netanyahu prometeu prosseguir com a guerra de Israel contra o grupo islamita Hamas, agora no seu quinto mês, até alcançar a “vitória absoluta”, em declarações feitas após o seu encontro com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, defendendo mesmo que a pressão militar será a melhor forma de libertar os cerca de 100 reféns em Gaza.
O Hamas apresentou um plano de libertação de reféns em três etapas.
Contudo, o chefe do Governo israelita voltou a descartar qualquer acordo que deixe o Hamas com o controlo total ou parcial de Gaza e assegurou que o seu país é a “única potência” capaz de garantir a segurança na região a longo prazo.
Netanyahu tem deixado muito claro que não aceitará um Estado palestiniano, assumindo a discordância com parte relevante da comunidade internacional e com os próprios Estados Unidos, seu principal aliado.
A guerra entre Israel e o Hamas fez até agora na Faixa de Gaza quase 28.000 mortos, pelo menos 67.500 feridos e 8.000 desaparecidos, na maioria civis, de acordo com o último balanço das autoridades locais.
O conflito fez também quase dois milhões de deslocados (mais de 85% dos habitantes), mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com toda a população afetada por níveis graves de fome que já está a fazer vítimas, segundo a ONU.