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Fisiatra - CNS | Campus Neurológico

O papel da medicina física e de reabilitação na paralisia cerebral

20 out 2023, 09:00

A Paralisia Cerebral (PC) é a deficiência mais comum na infância, com incidência de 1,5-3 casos por mil nascimentos, e é caracterizada por uma lesão cerebral permanente que afeta o desenvolvimento motor e cognitivo, comprometendo o movimento e a postura do corpo.

As suas manifestações são variadas, podendo condicionar alterações motoras, posturais, sensoriais, comportamentais, cognitivas e da comunicação. Os quadros clínicos são muito heterogéneos, podendo variar desde alterações ligeiras, como alteração da destreza manual, até quadros extremamente graves como tetraplegia com total dependência motora e cognitiva. 

Embora a lesão neurológica não seja progressiva, as manifestações clínicas podem modificar-se com o crescimento da criança razão pela qual estas crianças devem manter seguimento regular ao longo da sua vida. 

Não existe tratamento dirigido pelo que o principal objetivo é otimizar a funcionalidade da criança e melhorar a sua qualidade de vida minimizando o impacto que tem no seio individual, familiar, escolar e social. 

A evolução dos cuidados de saúde com criação de equipas multidisciplinares voltadas para as diversas necessidades destas crianças, a melhoria do acesso a apoios e a intervenção atempada nas crianças com PC tem permitido a sua cada vez melhor integração escolar e social possibilitando em diversos casos a entrada no mercado de trabalho. 

A Medicina Física e de Reabilitação ou Fisiatria como especialidade médica tem por objetivo reduzir a incapacidade provocada pela doença, através da prevenção das complicações e melhoria da funcionalidade, tendo em consideração o contexto pessoal, cultural e ambiental do indivíduo em qualquer idade.

 As áreas de intervenção da Fisiatria na PC são diversas, salientando-se: disfagia; alterações da comunicação; espasticidade; controlo motor; deformidades músculo-esqueléticas, principalmente coluna, anca e pé; entre outras.

Sendo a PC, como já descrita, uma doença crónica, incapacitante e evolutiva do ponto de vista do quadro clínico torna-se imperativo que a criança seja acompanhada por uma equipa multidisciplinar que inclua o médio Fisiatra com objetivo de acompanhamento da incapacidade e prevenir o aparecimento de novas complicações.

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