"Nem sequer um arranhão". Principal suspeito dos atentados de Paris diz que não matou ninguém

10 fev 2022, 11:37
Caricatura de Salah Abdeslam em tribunal

Salah Abdeslam garantiu em tribunal que não quis detonar o colete de explosivos que vestia e que não representa um perigo para a sociedade. Está acusado de homicídio, tentativa de homicídio e sequestro nos atentados que mataram 130 pessoas em Paris

Salah Abdeslam, o principal suspeito dos ataques terroristas de Paris que, em 2015, fizeram 130 vítimas mortais, disse na quarta-feira em tribunal que decidiu não fazer explodir o colete de explosivos que usava e por isso não matou ninguém. 

Abdeslam, cidadão francês de origem marroquina, revelou que tinha prestado juramento de lealdade ao grupo terrorista Estado Islâmico 48 horas antes dos ataques. Antes de ser sujeito a interrogatório, numa curta mensagem endereçada ao tribunal, aquele que será o único sobrevivente do grupo que levou a cabo os ataques em seis restaurantes e bares da capital francesa, bem como no Bataclan e no estádio nacional (Stade de France), quis deixar claro que não foi responsável por qualquer morte. 

"Queria dizer hoje que não matei niguém e não feri ninguém. Nem sequer um arranhão", referiu, citado pela agência Reuters. "É importante para mim dizer isto, porque desde o início deste caso as pessoas não pararam de me caluniar". 

Abdeslam é o único, entre os 20 arguidos em julgamento, que está acusado de homicídio, tentativa de homicídio e sequestro. Os investigadores acreditam que o colete de explosivos que envergava na noite dos ataques teve uma falha e por isso não foi detonado. Abdeslam fugiu de Paris para a Bélgica, onde foi detido em 2016. Em 2018, um tribunal belga condenou-o por um tiroteio contra agentes da polícia quando tentava escapar à detenção. 

O suspeito afirmou em tribunal que tinha sido atraído para o Estado Islâmico por compaixão para com o povo sírio e não pelos valores religiosos, dizendo que o Ocidente impõe as suas regras e valores a  todos. Admitiu que nunca viajou para a Síria, mas revelou admiração pelos militantes do Estado Islâmico que se sacrificavam diariamente, sublinhando que não é um perigo para a sociedade.

"A luta do Estado Islâmico é legítima. Quero viver sob a lei da "Sharia". Mas porque é que isso faria de mim perigoso?", questionou. "Se for libertado, não irei magoar ninguém. Andei fugido durante quatro meses. Não fiz nada a ninguém".

Questionado sobre a razão pela qual se tinha tornado um jihadista, se era um muçulmano quase não praticante, Abdeslam disse ter medo "de Deus" e do "inferno", acrescentando que o ataque em Paris tinha como objetivo forçar o então presidente francês François Hollande a terminar a presença militar no Iraque e na Síria. 

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