Libertado o prisioneiro mais velho de Guantánamo. Foram quase 20 anos sem nunca ter sido acusado de um crime

CNN Portugal , DCT
31 out 2022, 11:03
Saifullah Paracha

Saifullah Paracha foi capturado em 2003 por suspeitas de ser simpatizante a Al-Qaeda. Nunca chegou a ir a julgamento ou sequer a ser acusado de um crime

O mais velho prisioneiro militar dos Estados Unidos em Cuba está agora em liberdade. Saifullah Paracha esteve 18 anos preso sem ter ido a julgamento ou sequer sido acusado de um crime.

O paquistanês, agora com 74 anos, foi capturado em 2003, na Tailândia, por suspeitas de ser simpatizante da Al-Qaeda, assim como de ter uma relação próxima com Osama bin Laden e de financiar o grupo terrorista. A sua detenção fez parte de uma operação especial do FBI, numa altura em que os norte-americanos ainda viviam o rescaldo dos atentados de setembro de 2001.

Após a sua detenção, Saifullah Paracha esteve, primeiro, numa prisão no Afeganistão e só 14 meses depois foi levado para Cuba, onde, à data com 55 anos, se destacou dos restantes prisioneiros, a maioria jovens adultos na casa dos 20 anos. Desde então que era conhecido como um dos mais antigos “prisioneiros para sempre” de Guantánamo, revela o The New York Times.

A libertação aconteceu no sábado passado, após várias tentativas de o levar a julgamento, mas todas sem sucesso, o que levou a meses a fio de negociações entre o Paquistão e os Estados Unidos para que Paracha saísse em liberdade. 

Assim que saiu em liberdade, o seu advogado Clive Stafford Smith publicou no Twitter uma imagem de Paracha num McDonalds em Carachi, no Paquistão. “Ele nunca deveria ter sido sequestrado e preso há 18 anos”, escreveu o advogado.

 

Segundo a imprensa internacional, foi a ausência de um julgamento final que ditou o fim da prisão de Paracha. O próprio presidente norte-americano Joe Biden tem sido alvo de pressão para libertar os chamados presos da “guerra de terror” que nunca foram julgados e condenados por um crime. O também paquistanês Abdul Rabbani, de 55 anos, está na mesma situação e deverá ser o próximo a sair em liberdade.

Maya Foa, diretora do Reprieve, um grupo de defesa de prisioneiros "agradece ao atual presidente dos Estados Unidos o esforço feito, sobretudo no caso de Paracha, cuja saúde começava a ficar debilitada" - o paquistanês teve dois ataques cardíacos enquanto esteve preso, o último em 2020. “O governo Biden merece algum crédito por acelerar a libertação dos detidos de Guantánamo que nunca foram acusados ​​de um crime, mas a adoção da detenção indefinida sem julgamento pelos EUA causou danos duradouros”.

Já em setembro, o secretário de Defesa Lloyd Austin notificou o Congresso norte-americano da sua intenção de repatriar Paracha, revela a CNN Internacional.

“O senhor Saifullah Paracha, um cidadão paquistanês que foi detido na Baía de Guantánamo, foi libertado e chegou ao Paquistão no sábado, 29 de outubro de 2022. (...) Estamos felizes que um cidadão paquistanês detido no exterior esteja finalmente reunido com a sua família”, lê-se num comunicado emitido pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Paquistão.

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