As imagens da catástrofe: Petrópolis acorda com enxurrada devastadora, dezenas de mortos e centenas de desaparecidos

16 fev 2022, 19:53

Governo brasileiro já classificou a ocorrência como "uma catástrofe provocada por chuvas torrenciais". O ministro do Desenvolvimento Regional garante ainda que a "determinação do presidente Jair Bolsonaro é prestar socorro e apoio às vítimas"

Em Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro, a luz do dia expôs o que mais se temia. As chuvas que começaram a intensificar-se por volta das 20:30 de terça-feira, provocaram cerca de 190 deslizamentos de terra e lama, num total de 229 ocorrências registadas pelas autoridades brasileiras. Pelo menos, 94 pessoas já foram dadas como mortas, as operações de busca e salvamento ainda não acabaram.

De acordo com o governo brasileiro, em apenas quatro horas, caíram cerca de 300 milímetros cúbicos de água, no total choveu só neste período mais do que era esperado para todo o mês de fevereiro.

Estão nas operações de resgate e limpeza mais de 400 bombeiros, equipas de busca e salvamento auxiliadas por cães, elementos da Defesa Civil estudual e ainda membros das forças armadas.

A Defesa Civil já informou que ainda há previsão de chuva fraca a moderada a qualquer momento no município nesta quarta-feira (16). Em caso de emergência, o número de telefone 199 já está disponível.

As fontes oficiais estimam que pelo menos 80 habitações tenham sido atingidas, depois da barreira de sustentação de terras do Morro da Oficina ter colapsado. O momento acabou por ser captado e, posteriormente, partilhado nas redes sociais,

As águas arrastaram consigo várias toneladas de lama e lixo, que acabaram por irromper por Petrópolis. Várias estradas estavam obstruídas na cidade brasileira, as aulas suspensas e um pedido das autoridades para que habitantes de outras regiões evitem a cidade.

"Tivemos uma catástrofe provocada por chuvas torrenciais", foi assim que o ministro do Desenvolvimento Regional do Brasil, Rogério Marinho, reagiu à ocorrência em Petrópolis. O responsável garante ainda que a "determinação do presidente Jair Bolsonaro é prestar socorro e apoio às vítimas".

As buscas centram-se na localidade conhecida como Morro da Oficina, no Alto do Serra, mas as operações estendem-se ainda a outras regiões como 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Vila Felipe, Vila Militar e as ruas Uruguai, Washington Luiz e Coronel Veiga.

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, acredita que “até ao fim de semana a vida já vai estar a voltar ao normal nas áreas mais comuns da cidade”, mas que nos locais mais afetados pela tragédia “a normalidade ainda deverá demorar a ser retomada”. Para já, as operações de resgate e limpeza continuam a decorrer e as ordens são para que a população permaneça em casa.

“Fique em casa. Acreditamos que dentro de um ou dois dias teremos terminado os trabalhos de limpeza. Se deus quiser fará sol. Espero que não chova”, pediu o governador do Rio de Janeiro.

 

A CNN Brasil esteve na rua da Teresa, uma zona de muito comércio na cidade de Petrópolis, uma das regiões onde se acabou por concentrar grande parte dos detritos arrastados pelas águas. Aqui, para além das estradas obstruídas, os trabalhos de limpeza continuam, mas sem a ajuda de camiões capazes de retirar os detritos da via pública. Quem por ali trabalha, diz que esta é uma ocorrência sem precedentes.

“A situação é crítica, como nunca se viu. Toda a gente diz que nunca viu um cenário destes. A previsão é de mais chuva, então, o risco é ainda maior”, refere João, comerciante da rua da Teresa, em Petrópolis.

O pior cenário seria a chuva voltar a cair, mas para já apenas existe uma previsão de chuva fraca a moderada, pelo menos durante esta quarta-feira. No entanto, a previsão do Climatempo, site de meteorologia brasileiro, prevê chuvas fortes para a região entre a tarde de quinta e sexta-feira. Os especialistas tranquilizam que o volume de chuvas deve ser menor do que o observado na terça-feira.

As autoridades reforçam o alerta de que a cidade está sob estado calamidade pública e pede à população que fique atenta aos alertas que podem ser atualizados a qualquer momento.

“Só sairei daqui quando tivermos os trabalhos 100% organizados”, Claúdio Castro

Já foram criados vários centros de apoio para as pelos menos 301 pessoas que ficaram desalojadas. Nestes locais, na sua maioria escolas, qualquer pessoa deixar doações para auxiliar os afetados e é oferecido apoio de assistentes sociais, profissionais de saúde, educação, agentes comunitários, além da própria Defesa Civil.

Pontos de Acolhimento

Locais que estão a receber doações e abrigam desalojados:

  • Centro de Educação Infantil Chiquinha Rolla
  • Escola Estadual Augusto Meschick
  • Escola Municipal Alto Independência
  • Escola Municipal Ana Mohammad
  • Escola Municipal Doutor Paula Buarque
  • Escola Municipal Doutor Rubens de Castro Bomtempo
  • Escola Municipal Duque de Caxias
  • Escola Municipal Governador Marcello Alencar
  • Escola Municipal Odette Fonseca
  • Escola Municipal Papa João Paulo II
  • Escola Municipal Rosalina Nicolay
  • Escola Municipal Stefan Zweig
  • Escola Paroquial da Igreja Bom Jesus
  • Campo do Boa Esperança Futebol Clube
  • Paróquia São Paulo Apóstolo no bairro de Copacabana

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