2015, odisseia na Antártida: o futebol está a chegar

21 jan 2015, 10:17
Antártida

O conquistador Lutz Pfannenstiel arranca para o continente branco. Até ao final de 2015 pretende organizar um encontro com a chancela da FIFA: «Com dez graus negativos é possível jogar»

Deserto polar. 14 milhões de quilómetros brancos, riquíssima diversidade biológica, o mais inóspito dos continentes terrestres. Antártida, a última barreira a separar o futebol da plena globalização.

África, Ásia, América (Norte, Central e do Sul), Europa e Oceânia, todos tocados pelo jogo que mais amamos. Resta o pólo sul do planeta Terra. 2015 é o ano da derradeira odisseia. Ao leme da tripulação, o truculento capitão Lutz Pfannenstiel.  

O antigo guarda-redes, já entrevistado pelo Maisfutebol
em 2009 (pode ler AQUI
a sua inacreditável história de vida) propõe-se, através do projeto Global United FC, a organizar o primeiro jogo oficial de sempre no continente gelado.

Ecologista convicto, defensor acérrimo da fauna e flora, apaixonado pela vida animal, Lutz pretende captar a atenção mediática para os seus ideais através desta ideia. Arrojada, inaudita, mas responsável, garante ao nosso jornal.

«Quando sairmos do local queremos deixar tudo conforme estava antes»
, garante Lutz Pfannenstiel, o mentor de tudo.  

Se tudo correr pelo melhor, até ao final de 2015 o futebol a sério tocará, enfim, a Antártida. «O sítio está escolhido. O jogo realizar-se-á no aeródromo da Ilha do Rei George. Vamos remover toda a neve, montar balizas, marcações, uma pequena bancada e no final, em 60 minutos, tudo ficará limpo»
.  

«Não quero destruir um habitat tão sensível. Estamos a colaborar com um grupo de cientistas e várias organizações de defesa ambiental. Até agora, o local mais conveniente encontrado é este»
.
 
A iniciativa teria tudo para correr mal, em primeira análise. Basta analisar os gráficos relativos às condições atmosféricas e associar-lhe a improbabilidade de um corpo humano suportar tamanha provação.

Loucura? Lutz Pfannenstiel está habituado à questão. Afinal, já viveu num iglu durante uma semana, teve um pinguim em casa e adotou um macaco, sempre para poder falar publicamente sobre questões ambientais.

E, agora, a missão-Antártida. Cerca de 98 por cento do território está coberto por neve durante os 12 meses do ano. Não existe uma população permanente, a não ser em duas estações científicas: Villa las Estrellas
e Base Esperanza
.

Foi na Antártida, de resto, que se verificou o recorde de temperatura negativa na Terra: - 89,2 graus centígrados! Lutz prevê condições menos duras para a realização do almejado jogo de futebol e até nomes consagrados do desporto-rei estarão presentes.

«Estamos a estudar a melhor altura do ano, mas poderemos jogar com dez graus negativos. Em muitos campeonatos isso acontece. A humanidade vai olhar para nós e perceber que não pode continuar a tratar tão mal da Terra»
.  

Enquanto não está a domesticar pinguins e a salvar o nosso planeta, Lutz Pfannenstiel é comentador de futebol na televisão alemã e colaborador da FIFA. Uma forma diferente de olhar para vida depois do final de uma carreira invulgar.

Nas várias estações de exploração científica espalhadas pela Antártida o futebol não é um desejo estranho. Por isso é fácil encontrar imagens de jogos improvisados na neve, sempre de forma completamente amadora, entre amigos. Todas as fotos deste artigo dizem respeito a esses duelos na neve.

Cientistas, membros de embarcações visitantes, simples funcionários, todos, sempre que a temperatura se torna menos severa, se aventuram numa reconfortante futebolada.

No entanto, só agora, e com o reconhecimento da FIFA, o continente branco receberá um jogo de futebol. Bendita loucura, a do conquistador Lutz Pfannenstiel.
 

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