O conquistador Lutz Pfannenstiel arranca para o continente branco. Até ao final de 2015 pretende organizar um encontro com a chancela da FIFA: «Com dez graus negativos é possível jogar»
Deserto polar. 14 milhões de quilómetros brancos, riquíssima diversidade biológica, o mais inóspito dos continentes terrestres. Antártida, a última barreira a separar o futebol da plena globalização.África, Ásia, América (Norte, Central e do Sul), Europa e Oceânia, todos tocados pelo jogo que mais amamos. Resta o pólo sul do planeta Terra. 2015 é o ano da derradeira odisseia. Ao leme da tripulação, o truculento capitão Lutz Pfannenstiel.
O antigo guarda-redes, já entrevistado pelo Maisfutebol
Ecologista convicto, defensor acérrimo da fauna e flora, apaixonado pela vida animal, Lutz pretende captar a atenção mediática para os seus ideais através desta ideia. Arrojada, inaudita, mas responsável, garante ao nosso jornal.
«Quando sairmos do local queremos deixar tudo conforme estava antes»
Se tudo correr pelo melhor, até ao final de 2015 o futebol a sério tocará, enfim, a Antártida. «O sítio está escolhido. O jogo realizar-se-á no aeródromo da Ilha do Rei George. Vamos remover toda a neve, montar balizas, marcações, uma pequena bancada e no final, em 60 minutos, tudo ficará limpo»
«Não quero destruir um habitat tão sensível. Estamos a colaborar com um grupo de cientistas e várias organizações de defesa ambiental. Até agora, o local mais conveniente encontrado é este»
Loucura? Lutz Pfannenstiel está habituado à questão. Afinal, já viveu num iglu durante uma semana, teve um pinguim em casa e adotou um macaco, sempre para poder falar publicamente sobre questões ambientais.
E, agora, a missão-Antártida. Cerca de 98 por cento do território está coberto por neve durante os 12 meses do ano. Não existe uma população permanente, a não ser em duas estações científicas: Villa las Estrellas
Foi na Antártida, de resto, que se verificou o recorde de temperatura negativa na Terra: - 89,2 graus centígrados! Lutz prevê condições menos duras para a realização do almejado jogo de futebol e até nomes consagrados do desporto-rei estarão presentes.
«Estamos a estudar a melhor altura do ano, mas poderemos jogar com dez graus negativos. Em muitos campeonatos isso acontece. A humanidade vai olhar para nós e perceber que não pode continuar a tratar tão mal da Terra»
Enquanto não está a domesticar pinguins e a salvar o nosso planeta, Lutz Pfannenstiel é comentador de futebol na televisão alemã e colaborador da FIFA. Uma forma diferente de olhar para vida depois do final de uma carreira invulgar.
Nas várias estações de exploração científica espalhadas pela Antártida o futebol não é um desejo estranho. Por isso é fácil encontrar imagens de jogos improvisados na neve, sempre de forma completamente amadora, entre amigos. Todas as fotos deste artigo dizem respeito a esses duelos na neve.
Cientistas, membros de embarcações visitantes, simples funcionários, todos, sempre que a temperatura se torna menos severa, se aventuram numa reconfortante futebolada.
No entanto, só agora, e com o reconhecimento da FIFA, o continente branco receberá um jogo de futebol. Bendita loucura, a do conquistador Lutz Pfannenstiel.