Isabel, mãe da atual rainha britânica, foi uma das responsáveis pela aproximação da casa real ao povo, durante o século XX. Morreu a 30 de março de 2002
Rainha Isabel, a rainha-mãe. O título composto pertenceu durante mais de 20 anos à mãe da atual rainha britânica, que é recordada como uma das responsáveis pela aproximação da casa real ao povo, durante o século XX.
Nascida Isabel Angela Marguerite Bowes-Lyon, a 4 de agosto de 1900, tornou-se rainha consorte quando o marido, o rei George VI, subiu ao trono em 1937.
O casal teve duas filhas: a atual rainha Isabel II e a princesa Margaret, que morreu apenas dois meses antes da mãe, que morreu durante o sono, aos 101 anos.
Mas quem foi a rainha-mãe? Que papel teve na monarquia britânica?
15 anos de reinado
Ao lado do rei George VI, com quem casou a 26 de abril de 1923, a rainha consorte foi considerada o maior símbolo da monarquia britânica.
"Se o Reino Unido tivesse vivido uma revolução nos últimos 80 anos, a rainha-mãe teria certamente sido poupada pelos revolucionários. Ao contrário de alguns dos seus familiares, nunca deu a impressão de dar um passo em falso", afirmou, na altura do 80.º aniversário de Isabel, o deputado William Hamilton, um crítico severo da monarquia, mas admirador confesso da rainha-mãe, segundo a Associated Press.
À data da sua morte, a rainha Isabel continuava tão popular como quando acompanhou o marido na ascensão ao trono. No início da Segunda Guerra Mundial, o casal foi elogiado pela sua posição, principalmente a rainha. Enquanto a população temia que os alemães invadissem o país, Isabel, ao contrário do esperado e do que lhe foi aconselhado por Winston Churchill, permaneceu no país, em vez de fugir para o Canadá, tendo visitado a população entre casas e abrigos destruídos, mesmo debaixo de pesados bombardeamentos alemães.
"As meninas não vão sem mim, eu não irei sem o rei e o rei não nos abandonará nunca", terá dito a Churchill.
Her Majesty’s life spanned an entire century of history and change.
— The Royal Family (@RoyalFamily) March 30, 2022
She refused to leave London during WWII, saying, ‘I won't leave the King. And the King will never leave.' They stayed and visited bomb-damaged areas during the Blitz. pic.twitter.com/wn9e6yeWZ4
Morte do marido
A 6 de fevereiro de 1952, o rei George VI morreu durante o sono, em Sandringham House. A seu lado estava a rainha consorte que, com a morte do rei, abdicou do título de rainha e viu a filha, a princesa Isabel, subir ao trono.
Para que não houvesse confusões nos títulos, Isabel Bowes-Lyon passou a usar o título composto de rainha-mãe, uma vez que tinha então o mesmo nome e o mesmo título do que a filha.
Mais uma vez, ao contrário do que era esperado, a rainha-mãe não se retirou da vida pública e tornou-se num apoio discreto da filha e da Casa Real, tendo participado em atividades de Estado, militares, cívicas e de caridade.
Até ao início da década 90, e mostrando uma adaptação aos novos tempos e tendências, a monarca gozou de uma aura de popularidade junto dos ingleses e também em toda a Europa.
Após a morte do marido, a rainha-mãe continuou, então, a cumprir com as suas obrigações públicas e, segundo a biografia oficial, representou a Coroa Britânica em mais de 40 viagens ao estrangeiro, incluindo a visita ao Canadá, em 1989, que marcou o 50.º aniversário da sua primeira visita ao país.
A mãe da atual rainha de Inglaterra foi ainda presidente ou patrono de mais de 350 organizações, para além de ter sido comandante ou chefe-coronel de vários regimentos do Reino Unido, cargos que manteve mesmo depois da morte do marido e que a levavam a participar em vários atos oficiais por ano.
Símbolo de "coragem e decência"
Em 1997, ano que ficou marcado pela morte da princesa Diana e em que a monarquia britânica enfrentou uma das suas maiores crises de popularidade, a rainha-mãe ajudou a fortalecer o trono e a restaurar a confiança na família real.
Em 2002, no discurso para assinalar a morte da monarca, citado pela Associated Press, o então primeiro-ministro Tony Blair afirmou que a rainha-mãe era um símbolo da "coragem e da decência" dos britânicos e que "a sua longa e extraordinária vida, a graça, o sentido de dever e o notável entusiasmo pela vida a tornaram amada e admirada por pessoas de todas as idades e origens, respeitada dentro e fora das nossas fronteiras".
Também Margaret Thatcher não poupou na altura nos elogios à rainha Isabel, dizendo que era "uma rainha maravilhosa e uma pessoa extraordinária", considerando a sua morte "uma perda insubstituível para toda a nação."
A rainha-mãe faleceu enquanto dormia, a 30 de março de 2002, vítima de infeção pulmonar, dois meses após a morte da filha Margaret.