Rei Carlos III foi diagnosticado com cancro há um mês. Isto é o que sabemos

CNN , Lauren Said-Moorhouse e Max Foster
5 mar, 10:30
Rei Carlos III (Associated Press)

Monarca britânico foi diagnosticado após ter sido submetido a um “tratamento para hiperplasia benigna da próstata”

O rei Carlos III foi diagnosticado com uma "forma de cancro" há um mês. Apesar de não se saber qual é o tipo de cancro - sabe-se apenas que não se trata de cancro da próstata -, o diagnóstico surpreendente surgiu apenas uma semana depois do monarca britânico de 75 anos ter deixado o hospital na sequência de um procedimento específico para um aumento da próstata.

Eis o que se sabe.

Como foi identificado o cancro?

Os recentes problemas de saúde de Carlos começaram no início do ano, quando o Palácio de Buckingham anunciou, a 17 de janeiro, que o rei seria hospitalizado para se submeter a um "procedimento corretivo" de um aumento benigno da próstata.

O diagnóstico foi-lhe feito depois de ter tido sintomas e de ter sido submetido a um check-up na sua residência de Birkhall, em Aberdeenshire, na Escócia.

A 29 de janeiro, teve alta da London Clinic e foi anunciado que estava "bem" depois de passar três noites no hospital privado perto de Regent's Park. Recebeu alta horas depois de Catherine, princesa de Gales, ter deixado o mesmo hospital onde tinha estado a recuperar após uma operação abdominal bem sucedida.

No entanto, enquanto o rei era submetido a esse tratamento, foi detetado um outro problema preocupante, segundo informou o palácio, e os exames subsequentes identificaram "uma forma de cancro".

O tipo exato de cancro não foi revelado e não são esperados mais pormenores nesta fase. Uma fonte real disse à CNN que não se tratava de cancro da próstata, mas não especificou mais pormenores.

As condições médicas específicas dos membros da família real raramente são divulgadas publicamente. A perspetiva do palácio é que os membros da família real têm direito a um certo nível de privacidade médica, apesar da sua posição de funcionários públicos. Foi o caso do diagnóstico inicial da próstata alargada. Mas o rei optou por partilhar o seu diagnóstico porque queria encorajar todos os homens com sintomas a fazer um exame médico.

Porém, a situação muda quando a doença pode afetar as funções públicas. Nesse caso, o palácio tem o dever de revelar o que se está a passar, razão pela qual foi emitido um comunicado na segunda-feira à noite.

Como está o rei Carlos?

O rei Carlos já deu início a um tratamento ambulatório em Londres e, seguindo o conselho dos médicos, adiou os compromissos públicos durante o tratamento, mas continuará a tratar dos assuntos de Estado e da documentação oficial.

O rei "mantém-se totalmente positivo em relação ao seu tratamento e espera regressar às suas funções públicas o mais rapidamente possível", revelou o Palácio.

Isto significa que o rei continua a receber diariamente as caixas vermelhas com os documentos do governo para poder continuar a trabalhar em casa. O rei continua ainda a ter a sua audiência semanal com o primeiro-ministro e serão tomadas medidas alternativas se os médicos o aconselharem a minimizar o contacto pessoal.

Quem está agora à frente da família?

O príncipe William já regressou às funções públicas depois da mulher, Catherine, ter sido operada também em janeiro. Não se sabe ao certo o motivo da operação, mas fonte real disse à CNN, a 17 de janeiro, que a doença da mulher de 42 anos não era cancerígena.

Segundo uma fonte próxima do príncipe de Gales, William mantém contactos regulares com o pai.

O príncipe de Gales tinha tirado um tempo para apoiar a família enquanto a mulher continuava a recuperação na casa em Windsor. Espera-se que a princesa precise de recuperar durante vários meses, uma vez que, anteriormente, o Palácio de Kensington tinha afirmado que era improvável que esta retomasse as suas funções públicas até depois da Páscoa. Esta segunda-feira viera a público, através de um meio de comunicação norte-americano, as primeiras imagens de Kate Middleton depois da operação.

Príncipe William vai retomar a agenda oficial esta semana, anunciou o palácio de Kensington na segunda-feira (Andrew Parsons/Kensington Palace)

A rainha Camilla tem estado a cumprir um programa exaustivo de obrigações públicas nas últimas semanas, e espera-se que assim continue.

O número de membros da "realeza ativa" que se apresentam publicamente diminuiu nos últimos anos, à medida que a "Firma" procurava adaptar-se aos novos tempos. Apenas os membros da realeza ativa realizam compromissos em nome do Rei, tendo dividido entre si as 2.710 visitas e eventos do ano passado.

Este grupo deveria ser composto por 14 membros da família: O rei Carlos, a rainha Camila, a princesa Ana, o príncipe André, o duque e a duquesa de Edimburgo, os príncipes de Gales, os duques de Sussex, o duque e a duquesa de Gloucester e o duque e a duquesa de Kent. Isto é, até os príncipes Harry e Meghan terem optado por se retirar e Andrew ter sido forçado a fazê-lo, à luz da sua relação com o pedófilo Jeffrey Epstein. Atualmente, 11 membros do clã desempenham funções reais - mais de metade dos quais têm mais de 70 anos.

Harry, que tem falado com o pai desde que lhe foi diagnosticado um cancro, regressará ao Reino Unido nos próximos dias, segundo o gabinete do duque e da duquesa de Sussex. O duque - que se afastou dos deveres reais em 2020 - viaja da Califórnia para ver o rei, que se pensa que ele não vê desde a coroação em maio.

O que poderá acontecer se o rei ficar demasiado doente para trabalhar?

Embora todos os sinais vindos do palácio sejam positivos, existem disposições constitucionais para o caso de o rei não poder exercer temporariamente as suas funções oficiais. Nesse caso, os "conselheiros de Estado" podem ser chamados a substituí-lo.

Dois conselheiros podem ser nomeados para atuar em nome do monarca através do que é conhecido como uma carta patente e ajudar a manter o Estado a funcionar. Estariam autorizados a assinar documentos, a participar nas reuniões do Conselho Privado e a receber novos embaixadores, mas não a desempenhar algumas das funções constitucionais mais importantes, como a nomeação de um primeiro-ministro. A CNN sabe que não há planos para nomear conselheiros.

A lista de membros da realeza que podem intervir inclui a rainha Camilla, os príncipes William, Harry e Andrew e a princesa Beatrice. Em 2022, o rei alargou esta lista de membros da família aos seus irmãos, a princesa Ana e o príncipe Eduardo. Se esta opção for implementada nas próximas semanas ou meses, é improvável que os duques de Sussex ou de York sejam obrigados a assumir o cargo, uma vez que já não são membros da realeza em atividade.

Se o rei se tornar completamente incapaz de cumprir os seus deveres constitucionais e o Estado deixar de poder funcionar corretamente, os seus poderes podem ser retirados e assumidos por um regente. De acordo com a Lei da Regência de 1937, esse regente seria o próximo na linha de sucessão ao trono, que é o príncipe William.

Para que isso aconteça, tem de haver provas médicas de que "o soberano está incapacitado de exercer as funções reais devido a uma doença mental ou corporal" ou que "não está disponível para o exercício dessas funções por qualquer motivo definido".

Um painel de quatro pessoas tem de ficar satisfeito com as provas por maioria de votos. Esse painel é composto pelo Lord Chancellor, o Presidente da Câmara dos Comuns, o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça de Inglaterra, o Mestre dos Registos e a rainha. O painel terá de declarar a sua decisão por escrito e declarará também se ou quando o rei está pronto para retomar as suas funções. Entretanto, o príncipe William agiria em seu nome.

Qual é a atual linha de sucessão?

A evolução do número de membros da realeza em atividade nos últimos anos não alterou a linha de sucessão.

O filho mais velho do Rei, o príncipe William, é o primeiro na linha de sucessão ao trono britânico. Seguem-se-lhe os seus três filhos: o príncipe George, de 10 anos, a princesa Charlotte, de 8, e o príncipe Louis, de 5.

Notícia publicada inicialmente a 6 de fevereiro e republicada a 5 de março após atualização

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