"Luz, luz. Há luz": e depois ela sorriu. Sorriu tanto (Ucrânia » Moldova » Portugal)

Helena Lins , Repórter de imagem: José Chorão Editor: João Ferreira
24 dez 2022, 20:31

Celebrar a eletricidade pode ser um gesto grandioso. E comovente. Pelo menos para eles que já não tomam nada como adquirido porque na Ucrânia deles nem sempre há luz porque nem sempre há eletricidade porque agora nunca há paz. Há guerra e é Natal e "nenhuma criança merece que lhe tirem essa festa". Um voo humanitário português trouxe um grupo de refugiados que saíram da Ucrânia, passaram pela Moldova e chegam agora a Portugal. Portugal onde há luz - a luz da eletricidade e a luz da paz. "Luz, luz. Há luz." Ainda não é a luz plena porque a luz da paz de Portugal contrasta com a luz apagada pelas bombas russas. Mas é uma luz e bateram-lhe palmas. A CNN Portugal acompanhou tudo.

Quase 8 milhões de pessoas vão passar o Natal fora da Ucrânia. São sobretudo mulheres e crianças. À mesa faltam maridos e pais. Muitos estão na na linha da frente, outros à espera de ser chamados. Este é um conto de Natal diferente.

São milhares de famílias separadas pela guerra. O número pode aumentar nos próximos meses com as temperaturas negativas do Inverno e os bombardeamentos russos às centrais elétricas.

Os países vizinhos, como a Moldova, preparam-se para um nova vaga de refugiados. É de lá que partiu o sexto voo humanitário da associação HELP UA.PT. Trouxe refugiados ucranianos para Portugal.

A pequena Maria chega na estação de comboios de Chisinau agarrada ao urso de peluche. A tia, refugiada na cidade do Porto, foi buscá-la à Ucrânia. Os pais planeavam vir mas não conseguiram tratar de tudo para partir a tempo.

Galyna é professora. Carrega uma mala com muito cuidado. Traz a Tiffany, uma gata de olhos azuis. Andrei viaja sozinho. Foi físico durante a União Soviética, depois trabalhou com logística, agora resolve sudoku na mesa do avião enquanto planeia o que fazer no futuro.

Ao todo são 142 passageiros. A associação planeava trazer cerca de 170 mas os apagões dificultam a fuga. Alguns vão reencontrar familiares que partiram logo no início da invasão. Outros arriscaram tudo sozinhos para um Natal com luz e aquecimento no centro de acolhimento da associação, em Mafra.

Quanto ao novo ano em Portugal, o desejo é comum: encontrar trabalho. Qualquer que seja. Sentirem-se úteis e continuar a vida para a frente é também uma forma de resistência.

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