Ranking das escolas: há 38 colégios privados no topo da tabela antes da 1.ª escola pública, que, surpreendentemente, não fica numa grande cidade

Agência Lusa
16 jun 2023, 00:01

É preciso descer até ao 39.º lugar para encontrar a primeira escola pública na tabela das escolas com as melhores médias nos exames. A TVI e a CNN Portugal publicam o ranking das escolas em parceria com a agência Lusa

As escolas públicas desceram no ranking das melhores médias nos exames, surgindo em 39.º lugar a primeira pública situada numa vila do interior e a uma hora de viagem do colégio do Porto que agora lidera a tabela.

Numa lista realizada pela Lusa que ordena 496 estabelecimentos de ensino por média obtida nos exames nacionais do secundário de 2022, os colégios voltam a destacar-se, sendo preciso descer até ao 39.º lugar para encontrar a primeira escola pública.

Comparando com o ano anterior, regista-se uma descida de oito lugares, já que em 2021 a escola pública com melhor média estava em 31.º, segundo os dados disponibilizados pelo Ministério da Educação.

Os alunos de Vouzela, uma vila da Beira Alta, obtiveram a melhor nota: 13,37 valores foi a média dos 130 exames realizados na Escola Secundária de Vouzela em 2022.

Vouzela quebrou a tendência de os primeiros lugares serem, invariavelmente, ocupados por escolas públicas situados no centro das grandes cidades, em bairros de classe alta, onde quase não existem alunos carenciados.

A secundária de Vouzela surge assim em 1.º lugar, seguida de outras três já, por várias vezes, galardoadas como é o caso da D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, a Infanta D. Maria, em Coimbra, ou a Secundária do Restelo, em Lisboa.

Além das públicas surgirem mais abaixo na tabela geral, também as notas baixaram ligeiramente: a média em Vouzela foi de 13,37 enquanto no ano anterior o primeiro lugar foi ocupado pela Escola Artística António Arroio, em Lisboa, com uma média de 13,58 valores.

Uma hora de carro e quase três valores separam a secundária de Vouzela do Grande Colégio Universal, na cidade do Porto, que este ano aparece em 1.º lugar da tabela geral, destronando o Colégio Efanor, que no ano anterior obteve a melhor média nacional (16,16 valores em 107 exames).

Este ano, a média de 16,37 valores nos 184 exames realizados pelos alunos do Grande Colégio Universal deram-lhe o 1.º lugar, seguindo-se o Colégio Efanor, em Matosinhos, (16,3 valores), o Colégio Dom Diogo de Sousa, em Braga (16 valores), e o Colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto (15,91), que volta a ficar em 4.º lugar depois de vários anos em que ocupava a melhor posição do 'ranking' elaborado pela Lusa.

Novamente, no ano passado, os alunos dos colégios voltaram a ter melhores resultados médios: A média nacional dos privados foi de 12,9 valores e das escolas públicas foi de 11,2 valores.

No fim da tabela geral surgem nove escolas públicas e apenas uma privada e, se entre as 10 melhores a maioria fica no norte do país, entre as 10 mais mal classificadas, oito são na área metropolitana de Lisboa, com exceção de uma secundária em Coimbra e outra nos Açores.

Volta a ser no norte que se encontram as melhores médias por distrito: Porto surge no topo da tabela (12 valores), ocupando o lugar que nos últimos anos pertencia a Viana do Castelo, que agora surge em 2.ºlugar (11,8 valores), seguido de Braga (11,75 valores), Viseu (11,73 valores) e Coimbra (11,6).

Lisboa, o distrito com mais alunos e quase 50 mil exames realizados, sobe três lugares ficando em 7.º lugar (11,5 valores).

Mais uma vez, as médias dos alunos que realizaram as provas no estrangeiro foram as mais baixas (9,9 valores), mas desta vez há uma subida da média dos alunos das ilhas dos Açores (10,9), que costuma ser a pior região nacional e este ano aparece mais bem classificada que Portalegre (10,8), Setúbal (10,7) e Beja (10,7).

Quadro das 10 melhores e 10 piores escolas públicas classificadas

Quadro das 10 melhores e 10 piores da tabela geral

10% das escolas com média negativa

Uma em cada 10 escolas teve média negativa nos exames nacionais do secundário em 2022, segundo uma análise da Lusa que revela uma ligeira descida das notas médias no ensino público e subida no privado.

Pelo terceiro ano consecutivo, os exames nacionais deixaram de ser obrigatórios para a conclusão do secundário, sendo apenas realizados para acesso ao ensino superior.

Um dos resultados desta medida é a diminuição de alunos mais carenciados a fazer as provas: apenas 16% dos estudantes que fizeram exames em 2022 eram beneficiários de Apoio Social Escolar.

Olhando para os resultados obtidos, verifica-se que 51 das 496 escolas secundárias analisadas pela Lusa tiveram média negativa, ou seja, 10,3% “chumbou” (no ano anterior foram 8,4%).

A maioria das escolas com média negativa é pública: chumbaram 45 num universo de 421 escolas públicas (10,6%), contra seis privadas num universo de 75 colégios (8%).

A média dos alunos das escolas públicas voltou a afastar-se da dos colégios, com uma diferença de 1,69 valores numa escala de 0 a 20 (em 2021, a diferença foi de 1,4), segundo uma análise a 194.607 provas realizadas.

A média nacional dos alunos dos colégios foi de 12,9 valores (em 2021 foi 12,7) e das públicas foi 11,2 (em 2021 foi 11,3), ou seja, houve uma ligeira descida da média das escolas públicas e subida dos colégios.

Raparigas com notas ligeiramente mais altas

Numa comparação entre sexos, as raparigas voltam a ter melhores resultados, mas a diferença esbateu-se, sendo agora de apenas 0,36 valores, enquanto no ano anterior era de quase um valor (0,87): nos exames de 2022, a média das raparigas foi 11,63 valores e os rapazes 11,27.

As raparigas obtiveram melhores resultados em 10 das 14 disciplinas analisadas, com eles a conseguirem melhores desempenhos apenas a História A, Geografia A, Geometria Descritiva e Economia A.

Porto no topo da tabela, Beja no fim

A maioria dos alunos que realizou provas em julho de 2022 pertencia a escolas dos distritos de Lisboa, Porto, Braga e Setúbal.

Volta a ser no norte que se encontram as melhores médias por distrito: Porto surge no topo da tabela (12 valores), ocupando o lugar que nos últimos anos pertencia a Viana do Castelo, que este ano surge em 2.º lugar com uma média nacional de 11,8 valores.

Braga (11,75 valores), Viseu (11,73 valores) e Coimbra (11,63) são os distritos que se seguem na tabela da Lusa.

Lisboa sobe três lugares ficando este ano em 7.º lugar com quase 50 mil exames realizados e uma média de 11,5 valores.

Mais uma vez, as médias dos alunos que realizaram as provas no estrangeiro foram as mais baixas (9,9 valores).

Outra novidade é a subida da média dos alunos das ilhas dos Açores que costuma ser a pior região nacional e este ano aparece mais bem classificada que Portalegre (10,85), Setúbal (10,75) e Beja (10,78). A média dos exames dos alunos açorianos foi de 10,9 valores.

Notas mais altas foram as de Inglês

Em termos de classificações médias, a maioria esteve entre os 10 e os 11 valores, destacando-se apenas Inglês e Desenho com uma média nacional de 14,89 e 14,1, respetivamente. Pela negativa surge Matemática B que volta a não chegar à positiva (8,93 valores).

Olhando apenas para as quatro disciplinas feitas por mais de 30 mil alunos, duas desceram a média em relação a 2021 e outras duas subiram.

Físico-Química melhorou quase dois valores (chegando agora aos 11,69 valores) e Matemática A subiu mais de um valor (a média é de 11,95).

Por outro lado, Biologia e Geologia desceu de 11,96 para 10,7 e Português de 12 para 10,9 valores.

Os dados mostram ainda que a maioria dos alunos que realizou provas (84%) não beneficiou de Apoio Social Escolar (ASE).

Veja todas as notícias sobre o ranking das escolas.

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