"Aqui estou para ficar em Lisboa": Moedas acusa o Governo de praticar “um populismo soft, light” e garante que vai continuar a ser um "incómodo"

Agência Lusa , MJC
17 out 2022, 22:38
Carlos Moedas (Lusa)

"Não contem comigo para eu dizer o que o Governo quer ouvir, eu estou aqui para ser um incómodo, serei sempre que necessário um incómodo para o Governo”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa acusou o Governo de praticar “um populismo soft, light” e de não ter “vergonha de dizer tudo e o seu contrário” em matérias como a TAP. Carlos Moedas foi esta segunda-feira o orador convidado do jantar conferência das jornadas parlamentares do PSD, que decorrem na Assembleia da República, e, apesar das críticas, assegurou que irá trabalhar com o executivo do PS “com lealdade institucional”.

“Mas não contem comigo para eu dizer o que o Governo quer ouvir, eu estou aqui para ser um incómodo, serei sempre que necessário um incómodo para o Governo”, garantiu.

Perante mais de uma centena de militantes do PSD, Moedas começou por fazer um balanço do seu primeiro ano de mandato autárquico, enaltecendo a “capacidade de agir” tendo como “bússola” as pessoas, destacando os transportes públicos gratuitos e o futuro plano de saúde. Por tudo isto, Carlos Moedas pediu aos deputados do PSD que “tenham orgulho” no que o partido está a fazer em Lisboa e assegurou que “está para ficar em Lisboa”. “E agora, como diria o Manuel Acácio, aqui estou para ficar, aqui estou para ficar em Lisboa”, afirmou, numa referência ao moderador do Fórum da TSF, programa no qual participou quando ainda era candidato à Câmara da capital.

Depois, abordou temas nacionais e traçou a meta para o partido: construir o caminho para que o presidente do PSD, Luís Montenegro, seja primeiro-ministro. Montenegro marcou presença no jantar das jornadas do PSD, tal como os vice-presidentes António Leitão Amaro e Margarida Balseiro Lopes, além do secretário-geral, Hugo Soares, que participou na abertura.

“Liderar não é apenas discursar, não é ter palavras bonitas, não é vender um produto, liderar é fazer, antecipar, propor. Hoje no Luís temos exatamente isso: Luís queremos seguir-te”, afirmou, destacando “a audácia” do líder do PSD em matérias como o programa de emergência social, que propôs em agosto, ou o aeroporto, em que considera ter pressionado o Governo a agir.

Como exemplo do que classificou de “desnorte do Governo”, o autarca de Lisboa apontou o caso da TAP, que o Governo socialista quer privatizar, depois de ter revertido a privatização feita pelo Governo PSD/CDS-PP que integrou. “Então nacionaliza-se, mas sem razão nenhuma, agora privatiza-se? Mas as pessoas percebem isto? Eu sinceramente não percebi”, afirmou, considerando que esta atitude “define um certo socialismo, um socialismo que não tem vergonha de dizer tudo e o seu contrário”.

Carlos Moedas foi mais longe e considerou que se vive atualmente na política portuguesa “um populismo ‘soft’”. “Temos o verdadeiro populismo, temos os extremos, e devemos continuar a combater esses extremos, mas também há um certo populismo ‘soft, light’, que diz o que uns e outros querem ouvir”, criticou. Para o autarca lisboeta, esta atitude marca a diferença com o PSD: “Nunca tivemos medo de dizer o que somos e ao que vamos, nunca tivemos medo de tomar decisões difíceis”, apontou.

Na sua intervenção, Carlos Moedas voltou a deixar críticas ao processo de descentralização que classificou de “meias tintas”. “Não podemos ter uma descentralização a meio gás em que os autarcas fazem o que o Governo não quer fazer, em que as autarquias têm os muros das escolas, mas nada a ver com o que lá se ensina”, criticou, salientando que os autarcas “não são tarefeiros deste Governo”.

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