Xi Jinping promete mais abertura do mercado chinês e novos investimentos no exterior

Agência Lusa , DCT
18 out 2023, 06:58
Xi Jinping (Getty Images)

A China vai abrir ainda mais o “comércio transfronteiriço e o investimento nos serviços e expandir o acesso ao mercado de produtos digitais” e reformar as empresas estatais e grupos que atuam na economia digital, os direitos de propriedade intelectual e os contratos públicos, assegurou Xi.

O Presidente da China prometeu esta quarta-feira mais acesso ao mercado chinês às empresas internacionais e 100 mil milhões de dólares em investimentos nos países emergentes, no discurso inaugural do 3.º Fórum da Iniciativa Faixa e Rota.

No âmbito daquela iniciativa, as empresas chinesas construíram portos, estradas, linhas ferroviárias ou centrais elétricas em todo o mundo, financiadas por bancos de desenvolvimento chineses. A China é agora o maior credor internacional do mundo, mas o seu gigantesco programa internacional de infraestruturas enfrenta desafios suscitados pelo excesso de endividamento em alguns países e projetos comercialmente inviáveis, alguns dos quais ficaram por terminar, devido a falta de liquidez.

Na cerimónia de abertura do fórum, que decorreu no Grande Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen, no centro de Pequim, Xi Jinping prometeu que os dois principais bancos de desenvolvimento da China - o Banco de Desenvolvimento da China e o Banco de Exportação e Importação da China - vão criar, cada um, pacotes de financiamento de 350 mil milhões de yuans (45,3 mil milhões de euros), enquanto 80 mil milhões de yuans (10,40 mil milhões de euros) adicionais vão ser injetados no Fundo da Rota da Seda para apoiar os projetos da iniciativa.

“Vamos eliminar de forma abrangente as restrições sobre o investimento estrangeiro no setor da indústria transformadora”, afirmou Xi.

A China vai abrir ainda mais o “comércio transfronteiriço e o investimento nos serviços e expandir o acesso ao mercado de produtos digitais” e reformar as empresas estatais e grupos que atuam na economia digital, os direitos de propriedade intelectual e os contratos públicos, assegurou Xi.

Representantes de mais de 100 países participam no fórum, incluindo pelo menos 20 chefes de Estado e de Governo. O Presidente russo, Vladimir Putin, é um dos convidados de mais alto perfil, ilustrando o apoio económico e diplomático da China a Moscovo, no contexto do isolamento provocado pela invasão da Ucrânia.

Também estão presentes os presidentes da Indonésia, Argentina, Cazaquistão, Sri Lanka e Quénia, entre outros países, bem como o secretário-geral da ONU, António Guterres, que no passado elogiou a iniciativa chinesa por levar o desenvolvimento a áreas negligenciadas.

Xi Jinping apontou a Faixa e Rota como um novo quadro de cooperação internacional, que "transcende as diferenças entre culturas, civilizações e estágios de desenvolvimento”.

Isto reflete a posição de Pequim contra a atual ordem internacional liberal, liderada pelos Estados Unidos, e o que considera a “hegemonia” Ocidental, assente nas instituições fundadas após a II Guerra Mundial, incluindo o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional.

O Presidente chinês afirmou que o programa estabelece um novo quadro para a cooperação internacional e um desenvolvimento “para todos”.

“Quando a China está bem, o mundo pode estar ainda melhor”, apontou.

A aproximação entre Pequim e os países envolvidos abarca um incremento das consultas políticas e cooperação no âmbito do ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou acordos de circulação monetária, visando elevar o papel da moeda chinesa nas trocas comerciais.

“A rivalidade geopolítica e os confrontos ideológicos não são uma escolha para nós”, afirmou Xi Jinping. “Somos contra as sanções unilaterais, a dissociação e as perturbações na cadeia de abastecimento”, frisou.

Xi considerou que “encarar o desenvolvimento dos outros como uma ameaça e a interdependência económica como um risco não nos vai permitir viver melhor ou desenvolvermo-nos mais rapidamente”.

As palavras do líder chinês surgem numa altura em que os países ocidentais tentam reduzir dependências económicas e comerciais face à China, apontando para o impacto da pandemia da covid-19 e a guerra na Ucrânia nas cadeias de abastecimento e mercado energético.

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