Quer perder dinheiro? Deposite-o no banco

31 mar 2022, 14:17
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Bancos estão a pagar em média juros de 0,04% aos seus novos depositantes. Inflação é cem vezes superior a isso

Não é zero, mas é preciso ir às centésimas para encontrar um algarismo acima disso. Em fevereiro, a taxa de juro média dos novos depósitos em Portugal foi de 0,04%, segundo dados do Banco de Portugal comunicados hoje.

A (baixa) taxa que os bancos pagam não é nova, o que é novo é o custo de vida. No mesmo mês, fevereiro, a inflação foi de 4,2%, segundo dados do INE. Uma taxa que é mais de cem vezes o que os bancos pagaram no mesmo mês aos seus depositantes. Ou seja, em termos reais, o dinheiro depositado no banco perdeu valor. O fenómeno ter-se-á agravado, aliás, em março, mês em que o INE estima uma inflação de 5,3%, o valor mais alto em 28 anos.

Segundo o Banco de Portugal, as famílias portuguesas fizeram, em fevereiro, novos depósitos no valor de 3.596 milhões de euros, mais 287 milhões do que em fevereiro de 2021. Deste montante, cinco em cada seis euros (84%) foram aplicados em depósitos a prazo até um ano, “também remunerados à taxa de juro média de 0,04%.” No total, as famílias portuguesas tinham no final desse mês 174 mil milhões de euros em depósitos nos bancos portugueses, mais 6,1% do que no mesmo mês de 2021.

As taxas de juro estão historicamente baixas há vários anos, o que torna os créditos mais baratos mas também torna a poupança em depósitos menos atrativa. A alteração no horizonte resulta da inflação, que está a subir em toda a Europa: se Portugal, em março, terá tido uma inflação de 5,3%, a escalada dos preços é superior em países como Espanha (9,85%), Alemanha (7,3%) ou Reino Unido (6,2%), que são nossos parceiros comerciais e emissores de turistas para Portugal.

O Banco Central Europeu quer evitar uma subida forte das taxas de juro como arma de combate à inflação, o que tem como contrapartida também não aumentar fortemente a remuneração de depósitos.

Inflação significa um aumento generalizado dos preços, mas em Portugal está a ser mais visível em produtos como os combustíveis ou alimentos.

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