Câmara do Porto oferece duas soluções aos músicos desalojados do Stop: um parque de estacionamento; uma escola (e nega que vá ser construído um hotel no local)

CNN Portugal , MJC
19 jul 2023, 12:24

Presidente da Câmara do Porto apresentou soluções - uma é mais rápida, a outra mais longa. Stop é um ex-centro comercial no Porto que se transformou há muitos anos num espaço de ensaio de múltiplas bandas e que a Câmara agora decidiu fechar quase totalmente

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, reuniu-se esta manhã com a Associação Cultural de Músicos de STOP, à qual apresentou duas soluções a curto e médio prazo: a realização de obras em dois andares do edifício Silo Auto, um parque de estacionamento automóvel que pertence à autarquia; a mudança das salas de ensaio para a Escola Augusto César Pires de Lima, que fica livre ainda este ano, provavelmente já em setembro.

A possibilidade de utilização do Silo Auto já tinha sido aventada em reuniões anteriores, mas foi recusada na altura pelos músicos. Rui Moreira esclarece que, neste caso, "a Câmara poderia fazer a obra e fazer o projeto de acordo com os desejos dos músicos", mas isso vai demorar algum tempo.

Quanto à escola, na segunda-feira os músicos vão visitar o espaço com uma equipa da Câmara, para avaliar esta hipótese, mas Rui Moreira acredita que as obras de adaptação são "relativamente simples". Além disso, este espaço tem a vantagem de ficar perto do Stop.

Rui Moreira falou esta manhã aos jornalistas para explicar o encerramento na terça-feira de 105 das 126 lojas do Stop por falta de licenças de utilização para funcionamento. O presidente da Câmara defendeu que a situação no espaço era da "altíssimo risco", por falta de condições de segurança, sobretudo devido a uma discoteca que funcionava ilegalmente no centro comercial. "Havia queixas de perturbação da ordem pública e também um problema grave de segurança. Não podíamos intervir na discoteca sem intervir sobre o resto. Se acontecesse uma tragédia podíamos ser acusados de negligência e responsabilizados civil e criminalmente", disse.

"As pessoas estavam avisadas de que esta situação não poderia continuar", afirma Rui Moreira, admitindo que é verdade que não foram notificadas da intervenção da PSP porque não é costume a PSP avisar quando vai efetuar este tipo de ações.

"Nos últimos anos tivemos dezenas de reuniões com os músicos e com as associações e também com aquele que se intitula administrador do edifício. O responsável pelo condomínio disse que não tinha dinheiro para fazer as obras, os músicos também não têm dinheiro e a Câmara obviamente não pode fazer obras num edifício que não é seu", explica Rui Moreira.

A Câmara chegou a considerar a hipótese de comprar o edifício mas revelou-se impossível: "Para isso seria preciso que todos os proprietários vendessem, estamos a falar de cerca de 170 proprietários, alguns não moram em Portugal e nem estão contactáveis. Outra hipótese era ser alugado a nós, mas mais uma vez teria de ser a integralidade do edifício, para podermos fazer obras, e seria o mesmo problema. A terceira possibilidade é a expropriação. Para isso terá de ser declarado de interesse público, mas é um caminho longo, mais as obras - não demoraria menos de três anos e o problema dos músicos é já hoje".

O futuro do Stop é ainda desconhecido, mas Rui Moreira deixou claro que "a Câmara não vai autorizar a construção de nenhum hotel ali", rejeitando assim alguns boatos.

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