Quartel dos Bombeiros Voluntários do Porto fechado e sem central telefónica

Agência Lusa , MJC
16 jun 2022, 15:50
Bombeiros

Apesar disso, o socorro na cidade do Porto “está totalmente assegurado”, garantiram esta quinta-feira a Comissão Distrital de Proteção Civil e a Câmara Municipal

O quartel dos Bombeiros Voluntários do Porto, no centro da cidade, está fechado por ordem da direção, situação que deve repetir-se aos fins de semana e feriados por falta de pessoal para apoio à central telefónica, disse uma voluntária.

Apesar disso, o socorro na cidade do Porto “está totalmente assegurado”, garantiram esta quinta-feira a Comissão Distrital de Proteção Civil e a Câmara Municipal.

“Fui informado da situação hoje de manhã. Em causa está um conflito interno da associação que é uma associação privada. O socorro da cidade do Porto não está em nada comprometido. Quer Batalhão de Sapadores, quer os meios do INEM e os Bombeiros Portuenses estão em alerta”, disse o presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil do Porto, Marco Martins, à agência Lusa.

Portões fechado, chamadas reencaminhadas

Em declarações à agência Lusa, Iva Bessa contou que a direção que tomou posse há três anos “mandou fechar os portões do quartel e fechar a central, permanecer assim até às 08:00, e está a transferir as chamadas de emergência para um civil”.

A bombeira, uma de um total de 13 voluntários que decidiram concentrar-se à porta do quartel esta manhã, descreveu uma situação que se tem vindo a arrastar-se no tempo e fez críticas à direção da corporação.

“Há um ano a direção demitiu os centralistas e não meteu ninguém. Depois contrataram uma empresa de portaria para assegurar a central. A empresa foi embora no dia 01 de junho por falta de pagamentos. A central tem sido assegurada pelos voluntários, mas também temos vida própria e a nossa principal vocação é o auxílio no terreno, e isto não pode continuar quando há assalariados na instituição. Então, a direção avisou o comando por email que nos fins de semana e dias feriados não há central e o quartel ficou ao abandono”, descreveu.

Voluntária há 13 anos, Iva Bessa culpa a direção pelo arrastar desta situação, diz que os voluntários estão “de pés e mãos atados” e que o “socorro ao povo portuense fica comprometido”.

“Exigimos a demissão desta direção que está a afundar uma instituição fundada há 147 anos”, acrescentou, lamentando que os bombeiros voluntários estejam “inibidos de fazer a emergência e de poder dar o seu contributo à comunidade”.

A agência Lusa contactou o presidente da direção da Real Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Porto, Gustavo Pereira Barroco, mas até ao momento não obteve resposta.

A situação foi, entretanto, comunicada ao comandante distrital de operações de socorro, à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, à Liga dos Bombeiros Portugueses, bem como ao comandante do Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto, corporação que agora está a receber as chamadas de emergência da central dos Voluntários do Porto.

“O socorro na cidade não está em causa", garantem os autarcas

O autarca de Gondomar disse saber que a situação de hoje é o culminar de “uma disputa interna”, um “conflito com alguns anos” que já terá gerado ações em tribunal.

Também fonte da Câmara Municipal do Porto garantiu à Lusa que “o socorro na cidade está completamente assegurado”.

“O socorro na cidade não está em causa e o Batalhão de Sapadores de Bombeiros está ao dispor da população”, referiu fonte camarária.

A mesma fonte recordou que a Real Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Porto é uma associação privada, pelo que “a Câmara não se pode imiscuir nos assuntos de foro interno da associação”, disse.

“A Câmara tem acompanhado a situação com alguma preocupação. A associação tem sido cumpridora no que diz respeito ao protocolo que a associação tem com a Câmara do Porto”, acrescentou.

 

 

País

Mais País

Patrocinados