Presidente do hospital de Ponta Delgada demite-se

Agência Lusa , MM
2 dez 2022, 16:12
Saúde

O Governo dos Açores já aceitou o pedido de demissão, que surge na sequência da demissão de 21 dos 25 diretores de serviço daquela unidade hospitalar, por causa das escalas

A presidente da administração do Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, apresentou esta sexta-feira o pedido de demissão, que foi aceite pelo presidente do Governo dos Açores, informou o executivo do arquipélago.

Numa nota divulgada no seu ‘site’, o Governo dos Açores refere que, após uma reunião esta sexta-feira de manhã, Cristina Fraga “colocou o seu lugar à disposição, tendo o presidente do governo aceitado o seu pedido de demissão”.

Segundo a nota, José Manuel Bolieiro “agradece à Dra. Cristina Fraga o trabalho desenvolvido, a sua dedicação, e reconhece os bons indicadores obtidos durante o seu mandato, em termos de produtividade dos serviços”.

“A substituição de Cristina Fraga será feita nos termos legalmente previstos”, escreve o executivo.

Vinte e um dos 25 diretores dos serviços do hospital de Ponta Delgada demitiram-se esta sexta-feira, disse à Lusa o médico Emanuel Dias, considerando que o presidente do Governo Regional foi “enganado” pela administração sobre as escalas.

Segundo Emanuel Dias, porta-voz dos diretores de serviços clínicos demissionários, a escala de serviço do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) “não está preenchida e quem está a preenchê-la é o atual conselho de administração, que não o tem conseguido”.

A responsável nos Açores da Ordem dos Médicos, Margarida Moura, denunciou, na quinta-feira, a falta de condições de assistência aos doentes no Hospital de Ponta Delgada, nomeadamente na cirurgia geral, cuja diretora de serviço apresentou a demissão.

Na altura, Margarida Moura referiu que “há escalas em diferentes serviços que não estão de acordo com as orientações da Ordem dos Médicos e que põem em perigo a qualidade e segurança da assistência aos doentes”, nomeadamente no caso da cirurgia geral, em que “é obrigatório estarem escalados pelo menos dois cirurgiões, por dia, e por turno, e só está um”, que “não opera sozinho, por razões de segurança”.

Esta sexta-feira, Emanuel Dias afirmou que “aquilo que o presidente do Governo dos Açores disse foi falso”, considerando que “foi enganado pelo conselho de administração, porque as escalas não estão completas”.

Emanuel Dias referiu ainda que a demissão dos diretores dos serviços clínicos visa “demarcarem-se dessa administração, que é nomeada pelo Governo dos Açores”.

Os médicos, acrescentou, apenas têm o “poder de demonstrar que estão em desacordo com a administração, que deve demitir-se”.

Médicos dos três hospitais públicos da região (Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Horta) manifestaram, num abaixo-assinado enviado ao presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, ao vice-presidente do executivo, Artur Lima, e ao secretário regional da Saúde e Desporto, Clélio Meneses, a sua indisponibilidade para realizar horas extraordinárias para além do limite legal das 150 horas, o que poderá colocar em causa o serviço de urgência já em dezembro.

Em causa estão declarações do vice-presidente do Governo dos Açores, que já afirmou que não teve “intenção de ofender os médicos” quando falou sobre o trabalho extraordinário, após ter sido criticado por PAN, BE e PS no parlamento regional.

Na quarta-feira, o presidente do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) confirmou a demissão dos 10 chefes do serviço de urgência do hospital de Ponta Delgada, mas garantiu que “as escalas de urgências dos três hospitais” estão asseguradas na próxima semana.

A direção clínica e o conselho de administração do hospital de Ponta Delgada, nos Açores, afirmaram  que "a segurança dos doentes está garantida" e que as escalas de urgência "estão asseguradas até 7 de dezembro".

"A direção clínica e o conselho de administração afirmam que a segurança dos doentes está garantida, com esta escala de urgência apresentada, com dois cirurgiões de serviço. Como sempre foi prática neste hospital", lê-se num esclarecimento enviado pela maior unidade de saúde dos Açores, em resposta a questões da agência Lusa.

Segundo a administração do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), a escala de urgência apresentada é uma "situação que se tem verificado muitas vezes ao fim de semana, em que um cirurgião está em presença física e outro em prevenção".

Na nota, a direção clínica e o conselho de administração reafirmam ainda que as escalas "estão asseguradas até ao dia 07 de dezembro", acrescentando que foi esta a informação "transmitida ao presidente do Governo Regional dos Açores".

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