REVISTA DE IMPRENSA || Presidente do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda diz que é "tempo de renovar, cumprir o preceito republicano de que a representação pública tem um tempo limitado e dar o lugar a outros"
Pedro Filipe Soares, presidente do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda, garante, esta segunda-feira, num artigo de opinião no jornal Público, que não será candidato "nas listas às próximas eleições legislativas".
"Decidi que não serei candidato nas listas às próximas eleições legislativas. Cumpri uma das maiores honras da minha vida, dei tudo o que podia e sabia, ajudei a construir esquerda", escreve o deputado do BE, explicando que tomou a decisão “com a certeza que hoje o Bloco de Esquerda [BE] está mais forte” e terá “um papel determinante” no próximo ciclo político.
Garantindo que esta "não é uma despedida da atividade política ou da camaradagem" que faz parte do seu ADN, Pedro Filipe Soares assegura que estará presente em "todas as lutas" que o partido terá pela frente, assim como será "fiel aos valores da esquerda".
"Não faltarei a nenhuma chamada, sabem que podem contar comigo para tudo", escreve o deputado que chegou ao Parlamento em 2009 e que diz que agora é "tempo de renovar, cumprir o preceito republicano de que a representação pública tem um tempo limitado e dar o lugar a outros".
Pedro Filipe Soares lembra igualmente o que considera “um dos momentos mais marcantes” da sua vida política até hoje: “o banho de multidão quando derrubámos o Governo das direitas, em 2015”.
“Depois de quatro anos de destruição do país, de ataques ao salário e às pensões, a esperança saiu à rua em estado puro”, recorda, acrescentando: “Sabíamos que o acordo parlamentar era indispensável, mas também conhecíamos as suas limitações”.
“A maioria absoluta do PS e a crise social que cavou mostram como hoje temos de ser muito mais ambiciosos para resolver os bloqueios do país”, refere Pedro Filipe Soares, realçando os avanços nos direitos fundamentais conseguidos nos últimos anos, dando como exemplo o casamento ou a adoção entre pessoas do mesmo sexo, o alargamento de direitos às uniões de facto ou a descriminalização da morte medicamente assistida.
“E expusemos como as regras europeias, sobre as metas de défice e da dívida, são o garrote do investimento público e atrasam o país”, escreve.