PCP acusa PS, PSD, Chega e IL de serem a "santa aliança dos grupos económicos"

Agência Lusa , HCL
10 dez 2022, 21:17
Paulo Raimundo (Lusa/Miguel Pereira da Silva)

Paulo Raimundo vincou que, "para os trabalhadores e para o povo, sobra o agravamento das condições de vida"

O secretário-geral do PCP acusou PS, PSD, Chega e IL de serem "a santa aliança dos grupos económicos", por convergirem na rejeição de propostas relativas à taxação de 'offshores' e fixação de 35 horas de trabalho.

"O PCP propôs uma taxa especial sobre todas as transferências para 'offshores', uma medida que converge com a necessidade de acabar rapidamente com os paraísos fiscais. Surpresa: a nossa proposta foi rejeitada por quem? Por PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal (IL). Sempre que toca a mexer nos lucros, sempre que possa haver uma 'beliscadela', por muito pequena que seja, nos grupos económicos, lá está a santa aliança a cumprir o seu papel. O resto são arrufos e barulho aos nossos ouvidos, e manobras para nós nos entretermos", disse Paulo Raimundo.

O dirigente comunista falava na sessão de encerramento da X Assembleia da Organização Regional do Algarve do partido, sob o lema "Tomar a iniciativa, reforçar o Partido por um Algarve com futuro", realizada em Faro.

O líder do PCP vincou que, "para os trabalhadores e para o povo, sobra o agravamento das condições de vida", enquanto às empresas "é legalmente permitido fugir ou branquear as suas obrigações fiscais".

"É justo que um reduzido número de cidadãos e empresas, os de maiores rendimentos, possam colocar o seu dinheiro em paraísos fiscais, o mesmo que dizer colocar o seu dinheiro em sítios onde é muito mais difícil, e nalguns casos impossível, a tributação? Não é justo e é preciso acabar com isto", acrescentou.

Mantendo o tom de crítica aos mesmos partidos com assento parlamentar, Paulo Raimundo recordou ainda a proposta de fixação das 35 horas de trabalho semanais para todos os trabalhadores, apresentada pelo PCP esta sexta-feira.

"Como é que foi? É fácil de adivinhar como se posicionou esta santa aliança dos interesses dos grupos económicos. PS, PSD, Chega e IL votaram contra a nossa proposta. É assim, mas não nos vergam nem fazem baixar os braços", enfatizou.

Para Paulo Raimundo, "o PS opta por uma política ao serviço dos grandes interesses, dos quais PSD, CDS, Chega e IL são portadores e protagonistas".

"Faz mal o PS em ir por aí, por um caminho em que a pobreza é a realidade para mais de dois milhões de pessoas, 700 mil das quais trabalham todos os dias e não conseguem sair dessa situação", apontou o secretário-geral do PCP.

Focando-se na precariedade entre os mais jovens, Raimundo lembrou "os novos aumentos das taxas de juro", que, disse, "tornam a vida de milhares de pessoas num inferno, face aos brutais aumentos dos créditos à habitação, a começar exatamente pelas novas gerações".

"Um em cada cinco jovens não consegue trabalho, 71% do emprego perdido em 2020 pertencia a trabalhadores com menos de 30 anos, a taxa de desemprego dos jovens com menos de 25 anos é três vezes e meia maior do que na população em geral. Aí estão os efeitos da precariedade: 72% dos contratos realizados no último ano são precários, 74% dos trabalhadores entre 25 e 34 anos estavam nesta condição ainda antes da epidemia", enumerou.

"Perante esta realidade", constatou o líder do PCP, "preocupa, mas não surpreende, que a idade média das pessoas que saem de casa dos pais, em Portugal, seja superior a 36 anos, além de todos aqueles que, perante os incomportáveis custos com a habitação - rendas, crédito bancário, juros -, estão a regressar novamente a casa dos pais".

O dirigente comunista sublinhou ainda que "preocupa, mas não surpreende, o défice demográfico com que estamos confrontados e a falta de condições materiais para que as novas gerações tenham a ambição de constituir família e também ter filhos".

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