Paulo Raimundo diz que a lição que sai do congresso do PS é que é preciso reforçar o PCP

Agência Lusa , PP
6 jan, 20:54
Paulo Raimundo (LUSA)

O secretário-geral do PCP revelou ainda que após as eleições legislativas vai propor a realização de uma comissão parlamentar de inquérito à privatização da ANA

O secretário-geral comunista, Paulo Raimundo, afirmou que a grande lição que se retira do congresso socialista, que decorre até domingo, é que PS é só um, o que reforça a necessidade de um grande resultado eleitoral do PCP.

“O congresso do PS está a ser revelador, entre outras questões, de pelo menos três aspetos: primeiro, é que o PS, para quem tivesse dúvidas, é só um, segundo, é que as suas opções de fundo estão claras e, terceiro, e talvez o mais importante, é que tudo o que se está a passar, tudo o que está a ser afirmado e tudo o que está a ser sublinhado reforça ainda mais a necessidade de um grande resultado eleitoral da CDU [coligação PCP/PEV], de mais votos, mais percentagem e mais deputados como única condição para abrir um caminho novo. Esta é que é a grande lição do congresso do PS”, disse Paulo Raimundo durante um comício na Maia, no distrito do Porto.

Persistindo nas críticas, o comunista referiu que fica claro no congresso socialista que as orientações de Bruxelas são para acatar de forma obediente e de que as contas certas, “as tais que desacertam a vida de milhões de pessoas e dos serviços públicos”, são para continuar.

Para Paulo Raimundo “está lá tudo” no 24.º Congresso Nacional do PS, que começou na sexta-feira, em Lisboa, nomeadamente as tentativas de vitimização, as opções de fundo e o legado da maioria absoluta com os resultados que estão à vista.

Referindo-se ao novo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, o comunista considerou que fez bem em criticar no seu discurso a direita pela ‘lei Cristas´, relativa ao arrendamento, mas esqueceu-se, contudo, de dizer que o PS, perante as propostas sucessivas do PCP para revogar essa legislação, foi incapaz de uma única vez ficar do lado dos comunistas.

“Fez bem em lembrar o crime, fez mal em ser cúmplice do mesmo”, acrescentou.

O secretário-geral do PCP salientou ainda que dar força ao PS é dar votos a uma ilusão, da mesma forma que votar em PSD, CDS-PP, Chega e IL é andar para trás, é retroceder.

A política de direita, insistiu, venha ela de onde vier, é o principal inimigo porque daí só virá demagogia e o acentuar das dificuldades, das injustiças e dos problemas.

PCP vai propor comissão parlamentar de inquérito à privatização da ANA

O secretário-geral do PCP revelou ainda que após as eleições legislativas vai propor a realização de uma comissão parlamentar de inquérito à privatização da ANA.

“No plano político, o PCP assume desde já, e aqui em primeira mão, que após as eleições de 10 de março, vai propor uma comissão parlamentar de inquérito à privatização da ANA e vai avançar com iniciativas para repor o controlo público desta empresa”, afirmou Paulo Raimundo num comício na Maia, no distrito do Porto.

Esta intenção surge depois de o Tribunal de Contas (TdC) ter concluído que a privatização da ANA, ocorrida em 2013, não salvaguardou o interesse público, por incumprimento dos seus objetivos, como o de minimizar a exposição do Estado aos riscos de execução.

A venda de 100% do capital da ANA Aeroportos à Vinci foi iniciada em 2012 e concluída em 2013 pelo Governo PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho, no âmbito de um pacote de privatizações que incluiu também os CTT, a REN e a TAP, neste último caso depois parcialmente revertida pelo Governo seguinte do PS (com apoio parlamentar do PCP, BE e PEV), liderado por António Costa.

No comício, Paulo Raimundo salientou que, em nove anos, os donos da ANA ganharam 1.400 milhões de euros, mais do que aquilo que tinham pago pela empresa.

“Pior ainda, se nada for feito até 2062, esta multinacional irá embolsar mais de 20 mil milhões de euros para os seus acionistas, 20 mil milhões que dariam para construir aeroportos, escolas, hospitais e que, em vez de ficarem no país, engrossarão a conta bancária de uns poucos”, acrescentou.

Falando numa “vergonha, num crime e num assalto aos recursos nacionais”, o comunista considerou que se a privatização dos aeroportos foi um escândalo, escândalo maior seria permitir que esse “assalto ao país” continuasse até 2062.

Por isso, defendeu, o que agora se impõe é acabar com a “ruinosa privatização”, tendo o Estado português não só o direito, mas o dever de agir para recuperar para o país aquilo que nunca deveria ter sido entregue a uma multinacional.

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