Custos dos patrões com salários aceleram, mas setor da construção foge à tendência

ECO - Parceiro CNN Portugal , Isabel Patrício
14 fev, 07:47
Dinheiro (Pexels)

Num ano marcado ainda por níveis de inflação elevados, os custos dos patrões com salários aceleraram. O setor do construção foi exceção: os custos com os ordenados subiram, mas menos do que em 2022

Os custos dos patrões com os salários aumentaram no último ano e, regra geral, aceleraram face a 2022. Mas houve um setor que fugiu a essa tendência: na construção, os custos salariais subiram, mas menos do que ano anterior. Em contraste, os patrões do setor dos serviços foram os que viram os custos com ordenados crescer mais, de acordo com as contas do ECO.

Vamos por partes. No conjunto do mercado de trabalho, o custo do trabalho aumentou 5,3% em termos homólogos em 2023, acima da variação de 3,2% registada no ano anterior.

No que diz respeito especificamente aos custos salariais (que inclui não só os ordenados em si, mas também os prémios e subsídios — como o subsídio de Natal e o subsídio de férias –, e o pagamento do trabalho extraordinário), houve um aumento de 5%.

Ora, em 2022 os custos salariais tinham subido 3%, o que significa que aceleraram no último ano. Esta tendência registou-se tanto no público, como no privado, mas houve um setor que fugiu à regra: a construção.

No caso da construção, os custos salariais saltaram 3,4% em 2023. Dos três grandes setores para os quais há dados (construção, indústria e serviços), esta foi a menor variação. Em contraste, em 2022 os custos salariais tinham aumentado 4,9%, sendo a variação mais expressiva entre os vários setores.

Ou seja, depois de terem estado em destaque, os custos salariais suportados pelos patrões da construção abrandaram (em 1,5 pontos percentuais) em 2023.

Por outro lado, os patrões dos serviços — que inclui o comércio, mas também os transportes, o turismo, as atividades de informação e comunicação, as atividades imobiliárias e até as atividades de consultoria — viram os custos salariais crescer 4,7% em 2023, acima da variação de 3,4% registada em 2022.

Contas feitas, no setor dos serviços, houve uma aceleração (em 1,3 pontos percentuais) dos custos salariais.

Já na indústria — extrativas, transformadoras, eletricidade, água, saneamento e gestão de resíduos — houve uma aceleração de 0,3 pontos percentuais. Em concreto, os custos salariais dos patrões deste setor aumentaram 4,9%, acima da variação de 4,6% verificada em 2022.

Disparo de quase 12% dos outros custos

Se nos custos salariais a construção fugiu à regra, nos outros custos registou o maior aumento e a maior aceleração entre os vários setores.

Importa explicar que os outros custos incluem indemnizações por despedimento, encargos legais (nomeadamente, contribuições sociais, seguro de acidentes de trabalho e doenças profissionais) e encargos facultativos (nomeadamente, seguro de saúde, seguro de vida e prestação complementar de invalidez).

Em 2023, os custos dos patrões da construção nesse âmbito dispararam 11,7%, acima da variação de 5% que tinha registado em 2022. Ou seja, não só acelerou face ao ano anterior, como registou o maior aumento dos outros custos entre os vários setores.

Também na indústria houve uma aceleração, mas menos expressiva. Neste caso, o ano de 2023 foi sinónimo de um aumento de 5,6% dos outros custos, acima da variação de 4,7% verificada em 2022.

Em contraste, nos serviços houve um abrandamento. Os outros custos subiram 5,2%, mas tinham crescido 5,4% em 2022 (essa foi mesmo a variação setorial mais expressiva desse ano), desacelerando.

No conjunto do mercado de trabalho, os outros custos aumentaram 6,4% em 2023. Em 2022, tinham subido 4,1%, o que significa que, no conjunto da economia, houve uma aceleração dos outros custos.

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