Eslovénia-Portugal, 2-0 (crónica)

26 mar, 22:03

Quando uma derrota traz mais certezas do que dúvidas

Onze jogos e 11 vitórias depois do início da «era Roberto Martínez», Portugal perdeu.

Na Eslovénia, diante de uma das 24 seleções que vão marcar presença na Alemanha no próximo verão, a equipa das quinas terá feito a exibição mais pálida desde 10 de dezembro de 2022 diante de Marrocos no Qatar.

As muitas alterações e as ausências de algumas dos jogadores mais preponderantes servem de atenuante numa noite em que ficou claro que, apesar de ter jogadores suficientes para formar duas equipas competitivas, Portugal não tem duas seleções topo.

No segundo teste a caminho do Europeu, Roberto Martínez só repetiu Pepe do onze do bom jogo com a Suécia. De resto, Portugal não repetiu quase nada e no campo foi uma sombra do jogo de há cinco dias no D. Afonso Henriques. Com o regresso da defesa a três, faltou dinâmica a um meio-campo órfão de Bernardo Silva e Bruno Fernandes, fiabilidade defensiva, mais presença e capacidade de pressão no ataque e, sobretudo, sentido prático com bola.

É que a equipa das quinas fechou a primeira parte com 64 por cento de posse de bola, mas o muito tempo que passou com ela não se refletiu em qualidade. Quando o árbitro apitou para o descanso de um pobre primeiro tempo, a equipa das quinas só tinha um remate, não direcionado, na estatística.

Da Eslovénia, a amostra não foi melhor, mas a estratégia era óbvia. A cada recuperação a meio-campo, ordem para procurar as costas dos defesas.

Portugal regressou para a segunda parte com duas alterações. António Silva entrou para o lugar de Pepe e Francisco Conceição (em estreia) rendeu Otávio numa busca clara por mais rasgo.

As melhorias aconteceram, mas não foram imediatas. Antes disso, Diogo Costa teve de se aplicar para corrigir um erro de António Silva e negar o golo a Sesko, referência dos eslovenos que fez dupla no ataque com o ex-Sporting e Sp. Braga Andraz Sporar.

Depois disso, a Seleção teve dez minutos de ascendente relativamente vincado. Um remate de Cristiano Ronaldo, um cabeceamento de Gonçalo Inácio e outra tentativa de Dalot. Continuou a ser pouco, mas foi manifestamente mais do que em toda a primeira parte.

Na noite fria de Liubliana ficaram também evidentes alguns problemas defensivos de Portugal. Na incapacidade, mais evidente na segunda parte, para condicionar o jogo do adversário. O 1-0 (de Cerin aos 72m) e o 2-0 (de Elsnik aos 81m), ainda que com desenhos diferentes, foram exemplos de um apagão coletivo que começou na incapacidade do ataque, passou por um meio-campo macio e terminou na desorganização dos defesas.

Quinze meses após o último mau resultado, no Mundial 2022, e 11 vitórias seguidas depois, Portugal termina um jogo sem vencer.

Houve sinais preocupantes, mas deste jogo há a retirar mais certezas do que dúvidas: sobretudo para Roberto Martínez, que terá agora a lista final para a Alemanha muito mais clara na mente.

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