PAN quer proibir menores com armas e os “medievais” arco e besta na caça: “O único disparo a dar é com uma câmara fotográfica”

10 fev 2023, 18:11
Caça (Pexels)

Inês de Sousa Real está a preparar várias medidas nesta área da caça, no sentido de eliminar aquilo a que chama de práticas “cruéis”. À CNN Portugal, a deputada insiste ainda na necessidade de um levantamento efetivo das espécies e suas vulnerabilidades

Limitar o tamanho das matilhas, proibir menores com arma, eliminar “ferramentas medievais” como o arco ou a besta ou agravar o valor pago pelos selos. É desta forma que o Pessoas Animais Natureza (PAN) quer começar o caminho para o objetivo máximo: acabar com a caça em Portugal.

Em entrevista à CNN Portugal, a deputada Inês de Sousa Real avança que o partido vai avançar, até ao final de março, com uma proposta de alteração à Lei de Bases Gerais da Caça.

“Estamos a trabalhar em limitar o recurso às matilhas [que recolhem as presas já mortas], que hoje podem ter 30 ou 50 cães, assim como o tipo de meios que podem ser usados, como o arco ou a besta, que são ferramentas medievais. Queremos ainda agravar o valor que é pago pelos selos: há selos que custam um euro para abater um animal. E ainda rever a própria idade para ter posse de arma. Entre os 16 e os 18 anos, com acompanhamento parental, é possível ter uma arma e caçar. Há um conjunto de questões que, enquanto a caça não for abolida, têm de ser eliminadas”, afirma.

A intenção do partido é a de eliminar “todos os métodos de caça que possam ser cruéis ou desproporcionais”, isto depois de ter feito entrar no Parlamento uma proposta para que seja proibida a caça à raposa bem como o recurso à paulada e a cães nesta atividade através do método “corricão” – aquele em que o animal é capturado vivo e acaba “estraçalhado” pelos cães, quando no país existe já uma lei que proíbe a luta entre animais promovida pelo ser humano.

Além da raposa, o PAN quer que o coelho-bravo e a rola comum sejam retirados da lista de espécies passíveis de serem caçadas, por estarem em “vias de extinção”.

Objetivo: acabar totalmente com a caça

Inês de Sousa Real acredita que é possível dar o passo no sentido da eliminação total da caça em Portugal. “Inevitavelmente, teremos de o dar. A caça, sobretudo a ilegal, é uma das atividades que mais tem contribuído para o declínio da biodiversidade”, afirma.

“O único disparo que deve ser dado é com uma camara fotográfica e não com uma arma”, sintetiza.

Outra das iniciativas do PAN, já apresentada também, passa pela proibição total da caça nos parques naturais, como a Serra da Estrela e o Gerês. A deputada explica que, apesar de a caça não ser permitida em zonas protegidas, existem outras circundantes que com elas “conflituam”, tornando possível a captura de animais. A intenção é que os parques naturais sejam, no seu todo, “zonas intocáveis”.

“Há espécies caçadas por troféu, como os veados ou a cabra-montês. Quando temos predadores naturais, não são caçados os exemplares no auge da sua idade ou saúde. Mas os caçadores caçam animais no auge da espécie. Tivemos exemplos desses na montaria na Torre Bela”, onde foram mortos mais de 500 animais, argumenta.

O PAN insiste que a caça deveria apenas cumprir o princípio do controlo de espécies, não por “desporto ou divertimento”. Mas que, para atingir esse propósito, seria necessário que a atividade fosse acompanhada por um levantamento eficaz do número de animais, das espécies vulneráveis e dos seus habitats. “E serão raras as situações de quem precisa de caçar para comer”, acrescenta.

Questionada sobre a maioria absoluta socialista, que teria de dar luz verde a estas propostas do PAN para que elas se tornassem uma realidade, Inês de Sousa Real insiste que o trabalho do seu partido, enquanto oposição, é o de “trazer para a Assembleia da República aquilo que é a opinião pública”, lembrando a “forte contestação” que tem existido em relação à caça.

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