«É raro apostar em pontas-de-lança portugueses», diz Paulo Vida

10 nov 2000, 18:20

Avançado elogia José Mota

Aos 28 anos, Paulo Vida está, finalmente, a atingir uma consagração que tardava na divisão principal. Ponta-de-lança há muito apontado como promessa no futebol português, tem sido daqueles casos constantemente adiados. O seu percurso mostra bem essa contradição: revela uma regularidade apreciável, mas nunca chegou a dar o salto para um clube de maior nomeada.  

Passou pela Académica, Estoril, Aves, Chateau Roux (então na II Divisão francesa), Gil Vicente, União de Leiria, Penafiel e Paços de Ferreira, onde cumpre a segunda época. No Aves, foi o melhor marcador da então designada Divisão de Honra, tendo, na passagem por Penafiel, ficado em segundo lugar nessa classificação. Foi campeão da II Divisão francesa no Chateau Roux, campeão da Divisão de Honra, pelo União de Leiria e campeão (ainda em título) da II Liga, pelo Paços de Ferreira. 

Um percurso já longo que Paulo Vida quer agora valorizar: «É bom o que está a acontecer aqui em Paços. Para um ponta-de-lança, como eu, é óptimo estar numa equipa que joga ao ataque. Não é por acaso que as coisas estão a correr como têm corrido». 

Ponta-de-lança e... português  

Paulo Vida elogia Mota, o seu treinador, por não ter medo de apostar numa filosofia ofensiva: «Tenho que estar agradecido ao nosso treinador, porque não é muito comum, no futebol português, apostar-se em pontas-de-lança portugueses. Tenho tido esse problema, mas felizmente, em Paços, confiam no meu valor e acho que se estão a dar bem com isso». 

O avançado, que é neste momento o melhor marcador português da I Liga, aponta o entrosamento entre todos os jogadores da sua equipa como o principal motivo para o bom momento: «O Beto e o Glauber entraram muito bem no nosso esquema de jogo. Temos um plantel com bons valores e, ao contrário do que as pessoas possam pensar, este é um conjunto com muitas soluções». 

Questionado sobre as diferenças entre jogar na II ou na I Liga, Paulo Vida não sobrevalorizou essa questão: «Há boas equipas na II Liga, já se pratica bom futebol. Em ambos os escalões, é difícil ganhar jogos, mas há características diferentes. A responsabilidade na I Liga é muito maior, essa talvez seja a grande diferença». 

Mais responsabilidades, mas também mais condições. Paulo Vida sublinha a melhoria das estruturas existentes no Paços, mas ressalva que o mais importante acaba por ser o capital humano: «As melhorias que se processaram no estádio e nos campos de treino já estavam previstas. Ajudam, mas mais importante ainda é sentir que tanto da Direcção como a equipa técnica e os jogadores podem contar com todo o apoio possível». 

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