PS já negociava com o PCP entrada nos CTT em 2020

4 jan, 19:08
Deputado do PS, João Paulo Correia

Na entrevista, no final de 2020, o antigo vice-presidente da bancada parlamentar socialista esclarecia que “o controlo público dos CTT não significa nacionalizar 100% do capital”, mas sim “adquirir ações” para ser o maior acionista

O Partido Socialista já negociava a entrada nos CTT em 2020, durante as conversações para a aprovação do Orçamento do Estado de 2021. “Obviamente faz parte das negociações entre o PS e o PCP, como é público”, afirmou à data João Paulo Correia, antigo vice-presidente da bancada parlamentar socialista numa entrevista ao jornal ECO.

Na entrevista, no final de 2020, o deputado socialista esclarecia que “o controlo público dos CTT não significa nacionalizar 100% do capital”, mas sim “adquirir ações” para ser o maior acionista, o que, no caso, significa uma posição superior a 13,12%.

João Paulo Correia defendia à data que o PS defendia o “controlo público da empresa”, mesmo que António Costa tivesse dito o seu oposto anos antes, em 2017, em resposta ao PSD no Parlamento.

O primeiro-ministro afirmou esta quinta-feira que a compra de ações dos CTT pelo Estado, decidida pelo anterior Governo, foi feita "por cautela", para assegurar a prossecução da operação do serviço público, antes da renovação da concessão.

"Nós estávamos numa fase em que estava a chegar ao seu termo o contrato de concessão. O contrato de concessão tinha de ser renovado. E, portanto, por cautela, entendemos que era de bom senso o Estado ter uma participação no capital", declarou António Costa aos jornalistas, à entrada para o Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa.

O primeiro-ministro referiu que a aquisição das ações foi feita "entre agosto e outubro de 2021", mas acabou por se ficar nos 0,24%, uma "posição absolutamente residual". Segundo António Costa, "a operação não foi mantida em segredo, porque os CTT são uma empresa cotada, as ações foram compradas em bolsa, forma mais pública não há".

"Obviamente não foi dada notícia pública [da intenção de compra] porque se fosse dada notícia pública isso inflacionaria o preço. Mais: nós teríamos de dar notícia pública se adquiríssemos creio que mais de 2% do capital. Não foi o caso e por isso não demos. Não há nenhum segredo", declarou.

De acordo com o primeiro-ministro, "os relatórios de contas da Parpública espelham naturalmente o resultado desta operação", embora de forma "não discriminada, porque é uma participação diminuta, de 0,24%".

Interrogado se a compra de ações dos CTT esteve relacionada com negociações orçamentais com partidos à esquerda do PS, António Costa disse que isso "nunca foi tema de debate com o Bloco de Esquerda", enquanto que com o PCP "era um tema, mas não houve relação causa/efeito".

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