Os brasileiros não precisam ser domesticados

10 nov 2023, 11:03
Vítor Pereira no Flamengo (Flamengo)

«DRIBLE DA VACA» - Opinião de Bruno Andrade

Dono de um total de zero títulos no futebol brasileiro, mesmo tendo trabalhado em dois gigantes como Corinthians e Flamengo, Vítor Pereira é dia após dia, entrevista após entrevista, a personificação perfeita da lamentável e prepotente visão eurocêntrica de cada dia.

Dizer que os jovens jogadores brasileiros chegam 'selvagens' à Europa tem nome: preconceito. Vários outros adjetivos poderiam ter sido empregados para analisar Endrick e Vitor Roque, a caminho de Real Madrid e Barcelona, respectivamente, mas o treinador português optou pela arrogância de costume.

Não, não é uma questão de semântica, tampouco de mero mal-entendido. Infelizmente, está intrínseco em muitos europeus a ideia de que tudo o que vem do outro lado do Oceano Atlântico, sobretudo da América do Sul, precisa ser domesticado. Não somos animais.

É verdade que boa parte dos novos talentos do Brasil carecem muitas vezes de um trabalho técnico e tático mais aprofundado. Mas qual jovem não precisa de evoluir? Por fim, existem formas de explicar isso sem empinar o nariz e passar a velha imagem de colonizador.

Ao invés de colecionar fracassos e declarações infelizes, Vitor Pereira poderia - ou deveria - ter acompanhado de perto o trabalho profissional e exemplar que existe nas formações de muitos clubes no futebol brasileiro. A começar, quem diria, por Athletico Paranaense e Palmeiras.

Não é necessariamente a Europa a única capaz de fazer crescer quem quer que seja. Há europeus espalhados por aí com mais de 50 anos, por exemplo, que até hoje acreditam que Portugal 'descobriu' o Brasil.

*Bruno Andrade escreve a sua opinião em Português do Brasil

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