O exemplo de Roterdão
- Dos cinco jogos que orientou, a vitória na Holanda é, por certo, a grande referência como resultado e como exibição. Como a revê, quatro meses depois?
- Essa deve ficar registada como a vitória do futebol português. As coisas correram muito bem porque os jogadores perceberam cedo que estavam a jogar sem números e sem nomes. Foi uma grande vitória de uma verdadeira equipa. E podia falar de todos, um por um, mas pego no caso do Figo - porque é o melhor jogador do Mundo e a nossa grande bandeira - e não é por acaso que o vimos fazer o que fez, defendendo, vindo atrás, sacrificando-se. Se a nossa atitude colectiva for sempre aquela, dificilmente Portugal perde um jogo.
- Esse espírito não é o habitual na selecção?
- Os jogadores querem dar continuidade a essa atitude, mais do que qualquer outra pessoa. Eles estão com um espírito fantástico, uma enorme vontade de ganhar. Mais: eles sentem que podem ganhar, que é hora de conquistar qualquer coisa que no caso deles pode não voltar a passar perto. Até porque não somos uma equipa com média de idades de 20 anos.
- Está aí implícita alguma crítica em relação a momentos em que esse espírito não se impôs?
- Não, é mais um alerta para as situações que já vivemos, com a nódoa a cair no melhor pano. Quando eles deixarem esse espírito para trás e pensarem que um jogo vai ser fácil, perdem-no.
«A Irlanda é melhor equipa do que a Holanda»
- O calendário de qualificação prevê dois jogos (Chipre e Irlanda) em Junho. Não é uma data perigosa, atendendo ao previsível desgaste de alguns elementos-chave que nessa altura deverão ter quase 60 jogos nas pernas?
- É a data possível, foi o que se negociou, temos de viver com isso. O que eu não quero admitir é que haja desculpite na selecção, que se pense antecipadamente num motivo para nos desculparmos se as coisas correrem mal. Temos a mesma obrigação de chegar lá e mostrar que somos melhores, ganhando. Com mais ou menos dificuldades e cansaço, seja de manhã, à tarde ou à noite.
- Face aos resultados até agora verificados do grupo, qual é o principal adversário de Portugal no apuramento?
- No início da campanha eu disse logo: «atenção à Irlanda». A Irlanda é melhor equipa que a Holanda. Não tem valores individuais tão conhecidos, mas como conjunto é melhor que a Holanda. Eles andam há seis anos a preparar uma nova equipa e não é por acaso que conquistaram diversos títulos internacionais nos escalões de formação.
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