De menino do campo a ministro da Defesa. A nova vida de Nuno Melo, o Melinho para os amigos

28 mar, 20:57
Nuno Melo (LUSA)

O líder do CDS-PP é visto como um dos herdeiros de Paulo Portas

Quando em 1999 chegou pela primeira vez à Assembleia da República era “um menino do campo na cidade”. Alguns dos que o conheceram nessa altura ainda recordam o “estilo, até de vestir, muito menos sofisticado e moderno” do que tem hoje Nuno Melo - que nasceu e cresceu em Joanes, uma pequena vila em Vila Nova de Famalicão. Era também mais tímido, quando nesse ano entrou no Parlamento, na VIII legislatura, para ser deputado por Braga, com 33 anos. 

Desde então foi várias vezes deputado (em 1999, 2002 e 2005), eurodeputado (eleito em 2009 e até agora) e assumiu a liderança do CDS-PP em 2022. Agora foi escolhido para o cargo de Ministro da Defesa no Governo liderado por Montenegro.  

João Nuno Lacerda Teixeira de Melo tem 58 anos, é casado com uma médica e tem dois filhos gémeos, um rapaz e uma rapariga. Além de político é advogado, tendo-se formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Portucalense Infante D. Henrique. Católico, sempre foi um admirador de Paulo Portas, na liderança do qual foi, aliás, um dos rostos que assumiram destaque. Por isso, é visto dentro do partido como um herdeiro do “Portismo”.

Nuno Melo é tratado por “Melinho” por alguns amigos do partido. Conta quem lhe é próximo que gosta de trabalhar na terra e de caça. É parente de Eurico de Melo e um dos seus melhores amigos é Álvaro Castelo Branco, do CDS Porto.

Hoje, Nuno Melo conhece bem os corredores da política e do Parlamento. Aqui fez parte de várias comissões, entre elas a de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias e a Subcomissão de Direitos Fundamentais e Comunicação Social. Foi um dos mais notados nas comissões de inquérito que investigaram a queda do avião que acabou por vitimar Francisco Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa em Camarate. Esteve também envolvido no inquérito parlamentar sobre a Nacionalização do BPN. Em 2004 tornou-se líder parlamentar do partido, e em janeiro de 2007 demitiu-se do cargo por divergências com Ribeiro e Castro, então presidente do partido.

Mas pouco depois com o regresso de Paulo Portas ao partido, ainda nesse mesmo ano, em maio, chegou até a ocupar o cargo de vice-presidente da AR. Pelo meio, teve outros tantos cargos no partido e no poder local e acabou por se tornar líder do PP num dos períodos mais conturbados e sem qualquer deputado na AR, tendo em conta o resultado nas eleições legislativas de 2022, em que o CDS-PP era liderado por Francisco Rodrigues dos Santos. Agora, um dos momentos de destaque dos últimos dias foi precisamente protagonizado por Nuno Melo, a aparafusar de novo a placa com o nome do CDS, na sala que vai receber os dois deputados que o CDS conseguiu nas últimas legislativas colocar no Parlamento. Nesse momento, Nuno Melo viu Portas emocionado. 

Apesar de passar os dias na cidade, sempre que pode Nuno Melo refugia-se em Joane, onde tem uma propriedade, e onde gosta de tratar da terra. Mas agora a história mudou: agora é um menino da cidade, feito ministro, que chega ao campo.

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