Ex-estrela do xadrez processa Netflix por informação errada na série "Gambito de Dama"

29 jan 2022, 00:21
Gambito de Dama (Facebook)

Uma grande mestre do xadrez diz que há uma parte falsa nesta série que é uma das mais vistas de sempre na plataforma de streaming

A Netflix vai mesmo ter de ir a tribunal para responder a um processo movido por Nona Gaprindashvili, a primeira mulher considerada pela Federação Internacional de Xadrez como uma grande mestre da modalidade. Tudo isto por causa da famosa série “Gambito de Dama”, uma das mais vistas na história da plataforma de streaming. Agora, a ex-profissional pede uma indemnização de cinco milhões de dólares (cerca de 4,4 milhões de euros) e o caso vai mesmo a tribunal, depois de uma juíza ter recusado o arquivamento do processo.

De acordo com a queixosa, de nacionalidade georgiana, a série refere-se de forma incorreta à sua pessoa quando, numa passagem, diz que “nunca defrontou homens”. Para Nona Gaprindashvili, estas são declarações “grosseiramente sexistas e denegridoras”. De resto, a antiga jogadora diz que até 1968, ano em que se passa a série, defrontou 59 homens.

A mulher procura agora reparações por aquilo que diz ser, segundo o processo, uma “falsidade devastadora, minando e degradando os compromissos perante uma audiência de milhões”.

A Netflix já tinha pedido que o processo fosse arquivado, defendendo-se com a ideia de que se trata de uma obra de ficção e de que os criadores da série têm a sua licença protegida pela primeira emenda da Constituição dos Estados Unidos, que reserva o direito à liberdade de expressão.

Além disso, e segundo os advogados da plataforma de streaming, foram ouvidos dois especialistas em xadrez que certificaram os detalhes da série. A Netflix diz ainda que as referências à jogadora tinham a intenção de a “reconhecer” e não de a “depreciar”.

Apesar dos argumentos da Netflix, a juíza Virginia Phillips disse que a exposição de Nona Gaprindashvili era razoável, acrescentando que as obras de ficção não podem ser imunes à difamação se pessoas reais forem afetadas.

“A Netflix não cita, e o tribunal não tem conhecimento, de nenhum caso que impeça reivindicações de difamação pela representação de pessoas reais em obras de ficção”, escreveu a juíza, que diz ainda que “o facto de a série ser uma obra fictícia não isenta a Netflix da responsabilidade por difamação se todos os elementos de difamação estiverem presentes.”

“Gambito de Dama” venceu 11 categorias na última edição dos Emmys. Quanto a Nona Gaprindashvili, hoje com 80 anos, vive na capital da Geórgia, ascendência que, de resto, também motivou o processo. É que, segundo a antiga jogadora, a série refere-se a ela como sendo russa.

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