Nicarágua liberta 12 sacerdotes da prisão e envia-os para o Vaticano

Agência Lusa , DCT
19 out 2023, 06:59
Igreja Católica no Nicarágua (Associated Press)

A lista não inclui o bispo Rolando Álvarez, condenado em fevereiro a mais de 26 anos de prisão por "traição", depois de se ter recusado a ser expulso da Nicarágua para os Estados Unidos, juntamente com 222 presos políticos.

O Governo da Nicarágua, presidido por Daniel Ortega, libertou na quarta-feira 12 sacerdotes da prisão e enviou-os para o Vaticano, depois de um acordo com a Igreja católica.

O Governo nicaraguense explicou que "depois de manter conversações frutíferas com a Santa Sé" foi alcançado um acordo para a transferência para o Vaticano de 12 sacerdotes "que, por diferentes razões, foram processados, e que viajaram para Roma, Itália, esta tarde" [de quarta-feira], de acordo com um comunicado.

As autoridades indicaram que o acordo alcançado "representa a vontade e o compromisso permanente de encontrar soluções, em reconhecimento e encorajamento de tanta fé e esperança que sempre anima os crentes nicaraguenses, que são a maioria", acrescentou.

A lista não inclui o bispo Rolando Álvarez, condenado em fevereiro a mais de 26 anos de prisão por "traição", depois de se ter recusado a ser expulso da Nicarágua para os Estados Unidos, juntamente com 222 presos políticos.

Álvarez, bispo da diocese de Matagalpa e administrador apostólico da diocese de Estelí, ambas no norte da Nicarágua, foi condenado a 26 anos e quatro meses de prisão, perdeu a nacionalidade e viu os direitos de cidadania suspensos para sempre por crimes de traição.

A sentença foi proferida um dia depois de se ter recusado a embarcar num avião que o levaria, juntamente com 222 presos políticos, para os Estados Unidos, o que provocou a indignação do Presidente Ortega, que o apelidou de "arrogante, desequilibrado e louco".

Um mês depois da condenação de Álvarez, o papa Francisco descreveu o Governo de Ortega na Nicarágua como uma "ditadura grosseira", de acordo com uma entrevista concedida a 10 de março.

"Com grande respeito, não tenho outra alternativa senão pensar que existe um desequilíbrio na pessoa que lidera [Ortega]. Temos aqui um bispo na prisão, um homem muito sério, muito capaz. Ele quis dar seu testemunho e não aceitou o exílio", disse Francisco.

Ortega, que descreveu a Igreja como uma "máfia", cortou relações com o Vaticano.

Em julho passado, o bispo foi libertado por algumas horas da prisão "La Modelo", mas voltou à prisão depois de se recusar a deixar a Nicarágua.

Álvarez é o primeiro bispo a ser detido, acusado e condenado desde que Ortega regressou ao poder na Nicarágua em 2007. De 1979 a 1985, Daniel Ortega liderou uma junta governamental, tendo ocupado a presidência do país, pela primeira vez, entre 1985 e 1990.

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