Neemias: «Draft? Estava estupefacto, percebi que a minha vida ia mudar»

28 fev 2022, 18:32
Neemias Queta pelos Sacramento Kings, no jogo ante os Memphis Grizzlies (Getty Images)

Português confessou que a adaptação aos EUA foi «difícil»

O basquetebolista Neemias Queta, primeiro português a chegar à NBA, confessou que a adaptação à realidade dos Estados Unidos foi complicada na fase inicial.

«Foi uma adaptação difícil, tive de me adaptar pela primeira a estar longe da família, amigos, tudo com que cresci estava em Portugal. Tive de criar novos mecanismos de suporte, com novos amigos e pessoas que considerasse família. Consegui criar um bom ambiente para poder ter sucesso», assumiu em entrevista numa iniciativa promovida pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), Embaixada dos Estados Unidos da América em Portugal e Federação Portuguesa de Basquetebol no âmbito do Ano Europeu da Juventude.

Neemias recordou ainda o momento em que foi escolhido no Draft da NBA pelos Sacramento Kings. «Um misto de emoções, estava estupefacto. Era o sonho, tudo o que queria, tive de ser beliscado umas quantas vezes. Ter a minha mãe ao lado só me deixou ainda mais contente e realizado. Deu outro brilho. Desfrutei ao máximo desse dia e percebi que a minha vida ia mudar de uma maneira que não estava à espera.»

«Tinha uma boa ideia pelo treino que fiz lá, pelas conversas, as entrevistas com eles. Tive um palpite que Sacramento ia ser a minha casa», acrescentou.

Dividir o tempo de jogo entre NBA e G-League «é tudo menos fácil», reconhece. «Tive de aprender a jogar basket a dois níveis mais altos do que estava habituado. Tenho de me adaptar se vou jogar 20 ou dois minutos, contra um all star ou um rookie. Há muitos níveis diferentes do jogo, é uma maneira de continuar a crescer a nível do meu reportório de jogo.»

«Ao chegar à NBA somos todos supostamente ‘humilhados’ e tens de crescer mais ao nível de saber abdicar um bocado de ti e pôr a equipa a crescer e a ganhar», vincou.

O basquetebolista luso explicou ainda o que sente quando alinha pela equipa secundários, os Stockton Kings.

«Na G-League faz-me lembrar o que passei no Benfica e no Barreirense. Fazia duas equipas. Na G-League tenho mais oportunidades para desfrutar e evoluir. Na equipa principal tento ajudar e aprender para poder ter um impacto diferente e maior numa próxima vez. Interessa se jogo 30 minutos ou dois, mas não é por aí. Estou num nível que nunca imaginei, tento desfrutar ao máximo quando estou em campo», explicou.

Os companheiros mais velhos «tentam mostrar que mandam e sabem o que fazem». Fazem as partidas deles todos os dias mas é bom para nos rookies aprenderem com os mais velhos», confessou.

Neemias sublinhou ainda a qualidade dos jogadores que enfrenta na NBA e que lhe colocam um sorriso no rosto.

«A qualidade dos jogadores dá-me vontade de sorrir pela maneira que criam jogadas espetaculares dentro de campo. Fico um bocado estupefacto e dá-me motivação para aprender quando estou no campo a ver jogadores que nunca pensei ver, dá-me um tipo de gozo diferente.»

No futuro, quer levar os Sacramento Kings aos play-offs e «mudar o paradigma». Mas ainda precisa de agradar aos adeptos. «Os americanos são mais difíceis de conquistar, mas com o passar de tempo vou ter boas chances de o fazer. Sou um homem versátil para criar essa narrativa e crescer dentro e fora de campo para eles.»

Neemias realçou ainda que tenta «não olhar com olhos gordos» para o mediatismo e enviou uma mensagem aos mais novos.

«Tem-se de ter consistência, fazer tudo por um motivo. Quando o descobrires tens de o fazer com 100% de ganas, não questionar o porquê nem olhar para a pessoa do lado. A comparação é uma das piores cosias para acabar com a tua felicidade. Olha para o teu caminho e para o que tens e não para o que os outros têm. Nem tudo vai ser justo. Há muita coisa na vida que, por mais que mereças, não acontece. Tens de continuar com foco no que queres.»

A terminar, Neemias assumiu que os atletas têm «um papel importante para mudar a sociedade» e deixou uma mensagem de apoio à Ucrânia.

«Tenho muitos amigos e colegas ucranianos. Que possam contar comigo para o que necessitarem. Apoio a Ucrânia em tudo o que for preciso e possível», concluiu.

Relacionados

Mais Lidas

Patrocinados