Da consoada ao desembrulhar dos presentes: um guia para ter um Natal mais amigo do ambiente

23 dez 2022, 18:00
Natal

A associação Zero partilha com a CNN Portugal um conjunto de dicas que podem ajudá-lo a passar um Natal mais ecológico e consciente

Com o aproximar da noite de Natal, muitas famílias são invadidas pelo stress de última hora para garantir que tudo corra bem e nada falte à mesa de jantar ou debaixo do pinheiro reluzente da sala de estar. Nesta correria, é possível cair na tentação de deixar de lado a consciência ambiental e abraçar o espírito festivo com o consumismo e excessos típicos desta quadra. A vice-presidente da associação Zero partilha com a CNN Portugal um conjunto de dicas que podem ajudá-lo a ter um Natal mais amigo do ambiente.

Ainda está a embrulhar prendas? Opte pelo que tem em casa

Se ainda tem prendas por comprar, opte por oferecer presentes com alguma utilidade e "significado emocional". Isto porque "muitas vezes damos uma prenda só porque sim e que as pessoas depois nem usam", aponta a vice-presidente da Zero, Susana Fonseca. Eis alguns exemplos de presentes nesse sentido: doces caseiros, como bolachas, bolos ou compotas decoradas com motivos natalícios, bilhetes para eventos culturais e presentes de apoio a causas solidárias.

No momento de embrulhar os presentes, a opção mais amiga do ambiente é procurar os materiais que tem por casa e que possam servir esse propósito, como jornais ou revistas, por exemplo, em vez de comprar papel de embrulho e laços. Um outro conselho da associação é que, ao desembrulhar prendas, o faça com cuidado, sem rasgar, para que consiga reutilizar o saco ou o papel de embrulho no próximo Natal e, assim, reduzir o impacto ambiental.

Evitar desperdício alimentar com criatividade

Este é um dos principais desafios no Natal do ponto de vista ambiental. Já todos tivemos mais do que um bolo rei na consoada ou demasiados doces e salgados aos quais não conseguimos dar vazão. Para evitar o desperdício alimentar dos jantares e almoços de Natal, a palavra-chave é planear.

"Por exemplo, antes do jantar ou do almoço, devemos ter o cuidado de combinar com os familiares quem traz o quê, para evitar o excesso de comida. Devemos perguntar mesmo, sem receios, senão depois temos dois bolos reis e demasiados doces e salgados", recomenda a vice-presidente da Zero.

Mesmo com este cuidado, é provável que sobrem sempre alguns restos da consoada. Neste caso, temos sempre a opção de fazer a chamada "roupa velha" ou "meia desfeita", um clássico do Natal que serve precisamente para evitar o desperdício das sobras de bacalhau. Se este prato não constar do menu da sua ceia de Natal, é sempre possível congelar alguns alimentos que sobram, como a carne ou doces como o bolo-rei.

Deitar o lixo fora só no dia 26

A noite de Natal termina sempre com sacos e embrulhos espalhados pela sala de estar e outros materiais dos quais só nos queremos ver livres assim que os convidados se despedem. No entanto, a Zero lembra que na noite de Natal não há recolha de resíduos, uma vez que, tal como os restantes trabalhadores, também os funcionários da recolha do lixo têm direito a passar esta noite com a família. 

Por isso, a Zero recomenda que faça a devida separação dos materiais, espalmando bem as embalagens, e espere pelo dia 26 de dezembro para colocar os resíduos nos respetivos ecopontos.

Em relação aos resíduos orgânicos, nomeadamente restos de fruta e hortaliças e folhas, a vice-presidente da Zero sugere que aposte na compostagem doméstica, caso tenha essa possibilidade. "Os restos da preparação dos alimentos e eventualmente alguma coisa que sobre das refeições podem ser canalizados para a compostagem doméstica, que nos permite produzir composto que depois vamos devolver ao solo", salienta a vice-presidente da Zero, que salienta a importância desta prática tendo em conta o facto de Portugal continental ter "solos muito pobres ao nível da matéria orgânica".

Mesmo que não tenha condições para fazer compostagem em casa, pode sempre encaminhar estes resíduos para compostagem industrial, embora também esta opção não esteja disponível em todo o país. Susana Fonseca, da Zero, lamenta esta lacuna, mas mostra-se otimista em relação ao próximo ano, uma vez que os municípios têm agora um ano para cumprir a obrigação de recolha seletiva de resíduos orgânicos: "Vamos ver como vai estar no final do próximo ano. Para já, vemos muito pouco no terreno, mas a resolução [Regime Geral de Gestão de Resíduos] diz que até ao final do ano temos de ter essa recolha seletiva, portanto, no próximo Natal, esperemos que já seja mais fácil às famílias separar os resíduos orgânicos e reciclá-los - porque a compostagem acaba por ser uma forma de reciclagem."

Recebeu um telemóvel ou computador novo? Saiba o que fazer com o antigo

Os Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (EEE), como telemóveis, computadores ou outros, são presentes bastante comuns nesta época, pelo que é natural que acabe por substituir o seu atual telemóvel ou computador por um novo. Se o equipamento que já tinha ainda funciona, pode sempre tentar vendê-lo no mercado de segunda mão ou doar a alguma instituição que tenha como propósito a revenda desses equipamentos.

Se o anterior dispositivo já não funciona, pode sempre colocá-los nos pontos de entrega de Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrónicos (REEE), que estão disponíveis em todo o país, em locais como centros comerciais, escolas, câmaras municipais e empresas. Se não sabe qual o ponto de entrega que está mais perto de si, pode descobrir neste mapa, bastando para tal colocar a sua localização no respetivo campo de pesquisa.

Se comprou um equipamento novo com a mesma função, pode entregar o antigo em qualquer estabelecimento comercial que venda EEE. Aliás, a lei determina mesmo que as superfícies comerciais de grandes dimensões, com áreas superiores a 400 m2, tenham de aceitar gratuitamente equipamentos de pequenas dimensões, isto é, não superiores a 25 cm, mesmo que não adquira um novo equipamento naquela loja.

Caso tenha adquirido um eletrodoméstico de grandes dimensões, como uma máquina de lavar a loiça ou um frigorífico, pode sempre aproveitar a recolha de resíduos que algumas câmaras municipais disponibilizam, comumente chamada "recolha de monos". Neste caso, deve contactar a sua autarquia para saber o que deve fazer.

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