O mais famoso escritor japonês da atualidade vai fazer um programa de uma hora, numa rádio de Tóquio, com músicas escolhidas por si que falam da paz e da preciosidade da vida humana
O escritor japonês Haruki Murakami vai fazer um programa de rádio de uma hora dedicado à guerra da Ucrânia. Será uma forma de apelar à paz e refletir sobre a guerra, com músicas escolhidas pelo mais influente e popular romancista nipónico da atualidade.
O programa será transmitido na emissora Tóquio FM, que revelou o projeto esta quarta-feira. A emissão está marcada para a próxima sexta-feira, a partir das onze da noite (duas da tarde em Portugal).
Durante uma hora, Murakami vai apresentar uma dezena de músicas, escolhidas da sua coleção de vinil e CDs, todas com alguma ligação com o tema da guerra e da paz, ou reflexões sobre quão preciosa é a vida humana. O escritor irá traduzir as letras das canções, e explicar o contexto em que foram criadas ou editadas.
"Uma guerra na Ucrânia que ninguém desejou começou", disse o autor, que há vários anos é apontado como podendo vencer o Nobel da Literatura. "Pode a música acabar com a guerra? Provavelmente não. Mas certamente, a música pode fazer com que os ouvintes se sintam como 'Tenho de acabar com a guerra'", explicou o escritor, de 73 anos, numa declaração divulgada pela Tóquio FM.
O escritor que teve um bar de jazz
A música é uma das maiores paixões de Murakami, que deu a um dos seus romances o título de uma canção dos Beatles, “Norwegian Wood” e escreveu outro, “Dança, Dança, Dança”, marcado pela banda sonora dos anos 60, 70 e 80. As referências musicais são um dos traços mais reconhecíveis da obra de Murakami.
O escritor é também o co-autor de um livro sobre música - “Absolutely on Music” -, a partir de uma série de diálogos com Seiji Ozawa, o mais famoso maestro japonês das últimas décadas. Nessa conversas, ambos discutem o seu amor pela música de diversos géneros, dos clássicos ao jazz e ao rock.
Antes de ganhar a vida como escritor, Murakami chegou a ser proprietário, com a mulher, de um café em Tóquio, Peter Cat, que à noite se transformava num bar de jazz.
O premiado autor nipónico, cujos livros estão publicados em todo o mundo, tornou-se ele próprio uma figura pop no Japão, não só pela popularidade da sua obra, mas também pela sua coleção de música e pela coleção de t-shirts.
