Semanas antes de ser chamada por Marrocos para o Mundial, Anissa Lahmari foi convocada para a seleção da Argélia. Decisão não caiu bem para a outra nação da atacante que em tempos foi uma promessa do PSG
Em dezembro de 2022, no Qatar, Marrocos fez história ao tornar-se na primeira seleção do continente africano a chegar às meias-finais de um Mundial.
Agora, meses depois, as «Leões do Atlas» também já deixaram marca. Depois de se terem apurado pela primeira vez para um Mundial, garantiram nesta quinta-feira um igualmente histórico apuramento para a fase seguinte da prova.
Ao minuto 45+4, a seleção africana experienciou o desalento e o entusiasmo no espaço temporal em que o leitor demora a ler esta frase. Ghizlane Chebbak, capitã e estrela da equipa, não bateu a guarda-redes colombiana na cobrança de um penálti, mas a jogada terminou com Anissa Lahmari a empurrar a bola para o fundo das redes adversárias naquele que seria o único golo do jogo.
Em 2015, quando atuava no PSG e se estreou, aos 18 anos, com um golo num jogo dos quartos de final da Liga dos Campeões, parecia talhada para mais altos voos, mas o destino levou até ao modesto Guingamp, onde está desde 2020.
Lahmari, de 26 anos, é filha de mãe marroquina, de pai argelino e chegou a ser internacional jovem pelo país onde nasceu: França.
A decisão de jogar por Marrocos é recente e motivou polémica, já que no início do ano integrou um estágio da seleção argelina e foi inclusive titular num particular com a Tanzânia em abril.
Em junho, o nome dela apareceu numa lista de jogadoras pré-selecionadas para um estágio de Marrocos, a primeira seleção árabe a chegar a um Mundial feminino. Lahmari aceitou o desafio e manteve-se na comitiva das 23 atletas que viajaram para a Oceania, o que acentuou ainda mais a rivalidade (também ela desportiva) entre Argélia e Marrocos.
O golo histórico de Lahmari, o seu primeiro pelas «Leoas do Atlas» não só deixou fora de prova a Alemanha, uma potência do futebol feminino (que até havia goleado Marrocos por 6-0), como colocou as marroquinas no caminho de França, a primeira que três seleções que a futebolista de 26 anos representou.
Este perfil foi escrito no âmbito da Guardian Experts' Network, que tem o Maisfutebol como representante português.