Mundial 2022: Coreia do Sul-Portugal, 2-1 (crónica)

2 dez 2022, 17:52
Coreia do Sul-Portugal

Bento «virou» e acabou com a invencibilidade da seleção

Era para ser tudo diferente, acabou por ser o resultado igual. Portugal voltou a perder com a Coreia do Sul num Campeonato do Mundo, com consequências menos nefastas do que em 2002, mas com situações a rever seguramente. Desde logo, a de Vitinha. Ou a de Dalot. Dois jogadores que pedem a titularidade, depois de uma partida em que que a seleção perdeu a invencibilidade num jogo memorável… para Paulo Bento.

Fernando Santos fez seis alterações, deu minutos a quem não tinha com a segurança de que Portugal dificilmente perderia o primeiro lugar do grupo. Esse era o fator decisivo, do ponto de vista lusitano, para o encontro. Pouca pressão no resultado, portanto, seria o lado exibicional a obrigar um olhar mais atento.

Uma das questões deste jogo: Vitinha

A seleção nacional foi de mais a menos. Entrou bem, entrou a marcar, acabou a perder. Teve momentos bons, distrações fatais e isso, quando quase nada se perde a não ser uma partida de 90 minutos, pode vir até a ser benéfico. Porque se podem tirar ilações sem sobressaltos, as análises podem ser serenas e as conclusões também.

Uma das questões que sai deste jogo é a de Vitinha. Como enquadrar o futebol criativo do médio do PSG neste onze? Parece uma necessidade absoluta, porque Vitinha pede campo. Como pede Dalot. Logo aos seis minutos, o lateral subiu, chegou à linha de fundo – uma raridade da seleção neste mundial, mesmo que Cancelo tenha estado sempre em campo – e cruzou para uma jogada que dava poucas hipóteses a Ricardo Horta: ali, era para golo. E foi.

O 1-0 deixou Portugal numa situação absolutamente tranquila, enquanto do outro lado apenas se pode imaginar o que sofriam os sul-coreanos e a sua equipa técnica portuguesa (na realidade, nós até sabemos, porque já o vivemos demasiadas vezes).

O golo não trouxe nem mais, nem menos Portugal, nem mais, nem menos Coreia. O jogo ficou como estava, com algum controlo português e muita paciência asiática.

Sem ocasiões em nenhuma das balizas, o 1-1 apareceu numa bola parada. A bola desviou num surpreendido Ronaldo e acabou em Kim Young-Gwon. Se Portugal tinha feito pouco para o 1-0, a Coreia pouco fizera para o 1-1. Mas era assim que estávamos, com Dalot a tentar desequilibrar pela direita, Vitinha a levar a equipa para a frente e pouco mais a destacar na exibição nacional.

O resultado do intervalo era, por isso, ajustado ao que se passara. Se o guarda-redes coreano defendera um remate de longe de Vitinha que Ronaldo depois recargou para fora, Diogo Costa fez o mesmo a uma tentativa de Son. Ao descanso, as grandes emoções tinham sido vividas no outro jogo do grupo.

A segunda parte foi lançada nesta base: a expectativa de Portugal assumir mais jogo e melhorar, a Coreia de chegar a uma vitória que lhe desse o apuramento. No final, apenas a segunda ideia se iria verificar.

Há melhor jogador do mundo do que Son no contra-ataque?

O ritmo não mudou por aí além. António Silva intercetou uma tentativa de Son e o próximo momento de destaque foi a leitura labial de Cristiano Ronaldo na altura da substituição promovida por Fernando Santos. Uma troca que se justificava, pelo rendimento, pelo que (não) estava em jogo para a seleção e porque André Silva também precisa de testar as pernas caso seja necessário.

A Coreia do Sul também mexeu de seguida e foi aí que Bento virou vencedor do jogo. O melhor que Portugal fez foi uma subida de Dalot (quem mais) pelo corredor direito e uma transição desperdiçada por Rafael Leão. Quando Portugal já pensava em terça-feira, a Coreia ainda tinha a esperança de jogar na segunda.

Num canto português, a seleção asiática ganhou a bola, Son partiu em contra-ataque (há melhor jogador no mundo do que ele nessa situação?) e serviu Hee-Chan Hwang para o 2-1.

O que se passou depois foram os mais longos minutos do futebol sul-coreano, com a equipa a ver no telemóvel o desenvolvimento do Uruguai-Gana. O sofrimento foi grande, mas desde 2002 que há uma velha máxima nos Mundiais: o futebol são onze contra onze e, no final, de um Coreia do Sul-Portugal, vence a Coreia. Vá lá que desta vez, as únicas reflexões a ter são para terça-feira, seja contra quem for.

Ninguém volta a casa, ninguém vai ao tribunal da FIFA dar explicações por causa do árbitro, nem a imagem de Portugal é a de uma oportunidade perdida. Pelo contrário, tem de se pensar neste jogo como uma oportunidade ganha: por Vitinha, por Dalot e pouco mais.

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