Mundial 2022: Canadá-Marrocos, 1-2 (crónica)

1 dez 2022, 17:20

Líder, contra todas as expectativas

Contra todas as expectativas iniciais, Marrocos terminou o Grupo F no primeiro lugar e sem qualquer derrota, fechando a derradeira jornada com uma vitória suada sobre uma abnegada seleção do Canadá (2-1), que deixou uma boa imagem no Qatar, mas ainda sofre com erros de crescimento e peca por défice de qualidade individual.

Fica pelo caminho a Bélgica, até agora a maior desilusão deste Mundial 2022, enquanto a Croácia, vice-campeã mundial, avança no segundo lugar. Espanha, Japão, Alemanha e Costa Rica. Um destes é o adversário que se segue.

Marcar, dilatar e aguentar

A primeira parte não fazia prever o sofrimento pelo qual os marroquinos ainda teriam de passar para segurar o triunfo, ainda que soubessem que apenas o empate chegaria para chegar à fase a eliminar e repetir o feito de 1986. Por isso, a entrada dos «Leões do Atlas» foi à semelhança do que ditam as regras: a todo o gás.

Por outro lado, o Canadá, já eliminado, jogava pelo orgulho e perseguia a primeira vitória em Campeonatos do Mundo, naquela que é a sua segunda presença.

Mas, aos quatro minutos, a defensiva canadiana já andava aos papéis. Steven Vitória tentou atrasar para o guarda-redes, o passe saiu curto e a bola a saltitar e prejudicou a ação de Milan Borjan. O guardião saiu a jogar, perdeu a bola e Hakim Ziyech, que só teve de rematar para a baliza deserta, aplicou um «chapéu» com classe.

Marrocos manteve o ritmo alto, continuou a carregar na frente e, enquanto Ziyech e Youssef En-Nesyri estiveram bem fisicamente, conseguiu causar o pânico aos canadianos. A meio do primeiro tempo, a linha defensiva dos Canucks voltou a dar provas de ser ainda muito frágil. Hakimi, com um passe longo, lançou a velocidade de En-Nesyri, Steven Vitória voltou a ficar mal na pintura - assim como o parceiro de setor Miller - e o avançado do Sevilha bateu Borjan.

Parecia que o jogo estava definitivamente resolvido, mas o Canadá conseguiu reentrar na discussão do resultado, ainda que com uma boa dose de sorte à mistura. Adekugbe ultrapassou Hakimi, tirou o cruzamento rasteiro para a área e a bola desviou em Aguerd, traindo Bounou, com Marrocos a consentir o primeiro golo nesta edição do Mundial.

Ainda antes do intervalo, Marrocos viu um golo anulado por fora de jogo, mas a recolha aos balneários foi decisiva para mudar a abordagem no segundo tempo.

Os marroquinos vieram com o bloco mais recuado e a querer segurar a todo o custo a vantagem, de forma a terminar como primeiro no grupo, já que chegava a informação do nulo entre Croácia e Bélgica. Por sua vez, a equipa de John Herdman mostrou uma imagem muito semelhante àquela que deixou na partida inaugural frente à Bélgica. Muito caudal ofensivo, velocidade nas ações, mas também algum desperdício.

O selecionador canadiano sentiu que podia, pelo menos, levar um ponto para casa, e revolucionou taticamente a equipa, colocando até extremos a fazerem todo o corredor. Não se livrou de alguns sustos, mas certamente ficará com a ideia de que tudo tentou para não sair de mãos a abanar do Qatar. Ainda assim, foi notório ao longo da competição que existe alguma falta de talento individual nesta equipa, ainda mais notória com as ausências de Stephen Eustáquio e Jonathan David, o primeiro por lesão e o segundo porque só foi utilizado na etapa final.

Já Walid Regragui, merece, no mínimo, um par de elogios. Em poucos meses, reagrupou a seleção marroquina, uniu o grupo e hoje até acabou levantado ao ar, num momento de euforia com algumas lágrimas à mistura.

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