O Centro Africano de Estudos para a Justiça e Paz fala em "grave violação do direito internacional"
Uma jovem divorciada de 20 anos foi detida e acusada de adultério no Sudão depois de admitir ter beijado um homem. Inicialmente tinha sido condenada à morte por apedrejamento, mas como esta decisão provocou protestos internacionais acabou por ser condenada a seis meses de prisão.
De acordo com a BBC, esta mulher foi detida pela polícia sudanesa acusada de adultério e condenada à morte depois de no tribunal da cidade de Kosti ter admitido que tinha uma nova relação e que ela e o namorado já se tinham beijado.
Mais tarde, o juiz presidente acabou por mudar a acusação de adultério para "ato obsceno", o que implicaria apenas uma pena de prisão. Entretanto, o ex-namorado desta jovem tinha sido morto pelo primo da mesma.
À BBC, o advogado, Intisar Abdullah, disse que o juiz "não tinha muitas opções além da condenação", uma vez que "ela confessou no tribunal que estava com um homem". "Ela ainda é muito nova e não conhece as complicações de um caso como este", explicou.
O Centro Africano de Estudos para a Justiça e Paz (ACJPS, na sigla em inglês), com sede no Uganda, fala em "grave violação do direito internacional". O ACJPS referiu que numa fase inicial do processo esta jovem não teve direito a um advogado e os erros processuais levaram à anulação da primeira sentença.
O Sudão é um dos países que aplicam a pena de morte para alguns crimes que, no seu entender, ofendam o Alcorão, nomeadamente o roubo e o adultério. Na lei, essa morte pode ser provocada por apedrejamento, por chicoteadas ou por enforcamento. Ainda assim, a maioria das sentenças de apedrejamento no Sudão - impostas maioritariamente contra mulheres - foi anulada no Supremo Tribunal.